sábado, agosto 04, 2007

FLORES DE SILÊNCIO XV


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Na paz e no amor do meu lar sei que Jesus está sempre presente.
Nos momentos mais diversos das minhas actividades domésticas aos momentos de lazer, tais como no recolhimento de uma leitura, ou simplesmente quando me dedico às delícias de uma melodia, Jesus está presente.
Sinto a Sua divina presença nos alimentos que preparo, nas refeições que juntamente com a família tomo, no diálogo que travamos entre nós.
Sinto-O nos pensamentos que emano, nas coisas que desejo, nas que realizo, naquelas com que sonho.
Sinto Jesus no ar que invade a minha casa, sinto que O respiro e que tudo o que faço é representação de algo que está presente e que, sempre que O invoco nada me falta. É uma força, uma luz, um calor, uma protecção tão forte que nada me faz vacilar, nada me demove, nada me perturba, porque tenho a certeza de que Jesus está presente.
O meu lar é um templo de Jesus porque eu assim o quero, eu por Ele trabalho, eu por Lhe agradar luto. Eu vivo em função dessa Luz resplandecente, dessa certeza total, dessa felicidade profunda. Eu ajo na alegria de poder dizer que nada mais quero, nada mais preciso, nada mais desejo porque tenho a certeza de que nada me falta pois Jesus está sempre presente.
E quando à noite me recolho na prece reconfortante, na entrega da alma ao Alto, no silêncio do exame à minha consciência ainda tão imperfeita, eu sei que é Ele quem me ouve, é Ele quem me protege, é Ele quem me dá coragem para vencer.
Depois, ao acordar para o novo dia, é para Ele que ergo os meus olhos e saio de casa levando-O no meu coração. Desta forma sinto a maior das graças porque, no meio da tormenta do mundo, eu vivo em paz porque sei que Jesus está presente.

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Não são as religiões que tornam os homens melhores. São os homens que, melhorando-se a si mesmos, fazem progredir as religiões. O progresso dos homens é uma luta cósmica, não um estado de espírito resultante de preceitos falíveis.
Não são os mestres ou orientadores espirituais que ensinam grandes verdades aos outros homens. São os outros homens que, pelo seu comportamento, dão o mote aos mestres espirituais para que estes possam criar seus preceitos e dizer grandes verdades. O mestre é aquele que melhor observa e com inteligência melhor tira partido disso.
Não são os que espalham a fé baseada em critérios momentâneos que tornam os homens mais crentes. São os que, eleitos pelo Mestre após a vitória em duras provações, dão exemplo de humildade como caminho de salvação eterna. A fé é uma conquista pessoal, uma luta de cada um, não um jogo macabro de ídolos.
Não são os que encerram nas masmorras os infelizes dos vícios, os grandes escolhidos do Mestre. São os que, não perdendo a fé na modificação de cada um, abrem escolas de amor e ensinam a lei do perdão. Todos os homens são livres, apenas alguns não o sabem.
Não são os que dão grandes donativos às casas de caridade que ajudam os desamparados. São todos aqueles que, no seu bairro, na sua localidade dão do seu precioso tempo uma mão amiga aos que afectivamente precisam. Ajudar é um acto com rosto, não uma formalidade vazia.
Não são os que muito falam que mais e melhor esclarecem. São os que sabem calar quando se torna imperiosa a acção. As palavras nem sempre dizem muita coisa, por vezes uma boa acção diz mais que milhões de palavras.
Para os filósofos da Antiguidade, em tudo na vida uma exigência se impõe: estarmos acordados. É nisso que se distinguem os grandes homens. Quanto aos restantes, caem nas aparências que ofuscam a alma, aprisionam o Espírito.


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A nossa superioridade é tão grande que, à mínima contrariedade, estamos a cair redondos no chão sem nos darmos conta disso. Pensamos que as atitudes dos outros não nos pertencem, obviamente aquelas que nós tão bem repudiamos, no entanto agimos exactamente do mesmo modo a quando de situações idênticas.
E assim somos mais parecidos uns com os outros do que supomos. Esquecemo-nos de que se estamos aqui, neste momento, é porque o merecemos. Todos somos altamente devedores para connosco mesmos, o mundo e Deus. Levantar o braço no ar e dizer que se é mais perfeito, seria a maior atitude de subjugação às mais baixas falanges espirituais que nos circundam.
Infelizmente, as Entidades mais ignorantes encontram entre nós terreno fácil para imporem princípios de vaidade, tola vaidade, escravizando aquele cuja inteligência podia estar ao serviço de todos, a começar por si mesmo na senda da libertação da densidade da vida material.
Quando relativamente mais conscientes, envergonhamo-nos de tão mesquinhas atitudes, sentimos um peso na consciência e pensamos: “Como é que eu me deixei enganar? Eu não esperava aquela situação, é certo, mas envergonho-me por não Ter estado preparado para reagir de outro modo!”
Um dos grandes princípios orientais é de que devemos esperar o inesperado. Ora, as nossas atitudes não podem ser justificadas pela surpresa que caracteriza o acontecer da vida, pois, não se estar minimamente preparado para o imprevisto, quando afinal a vida é uma sequência de imprevistos, é simplesmente não saber viver!
Pergunta-se: O que é saber viver? É saber amar. Se amássemos os nossos amigos e inimigos, como gente que está em desenvolvimento como nós, repetimos, como nós, desculparíamos todas as atitudes que nos causam desarrumação no nosso interior, compreenderíamos que aquele que age de forma mais incorrecta pode estar a passar uma provação e apenas reage assim. Que sabemos nós do outro, se nos desconhecemos a nós mesmos?
Quantas vezes temos atitudes tão infelizes, palavras amargas, actos de desprezo e nem por isso somos postos de parte... Quantos, que dizem nada seguir em termos espirituais, reagem para connosco de forma sublime dando-nos grandes lições de Evangelho... Quantas vezes já fomos súbita e inesperadamente desculpados por quem não esperávamos? Se pensássemos que temos muito mais, infinitamente mais a sermos perdoados que a perdoar, certamente observaríamos a vida de outro modo.
Não são os outros que muito nos ofendem, somos nós que, tomados de ares de importantes, nos ofendemos com ninharias que não fazem sentido nenhum. São os nossos princípios, a nossa moralidade, a nossa forma de vida, os nossos gostos estéticos, sociais, filosóficos, políticos, o nosso profissionalismo, somos nós, nós, nós...
E os outros, não têm qualquer importância, não são gente, não trabalham como nós, não sofrem como nós, não têm seus ideais como nós? Por que damos esta desmesurada importância ao eu como centro de todas as ocorrências, de todas as razões, de todas as vontades? Quem somos nós, afinal? Somos a Humanidade inteira. Nós não significa eu, mas todos os filhos de Deus, onde quer que estejam, como estejam, escuros, claros, de luz resplandecente, absolutamente todos.
Como poderemos intitular-nos seguidores de Jesus se não damos um passo na nossa cristianização? Como? Se Ele veio dar o exemplo de que só seremos felizes se tivermos o outro como uma realidade independente da nossa, e que temos que respeitar na casa do amor; se aprendemos no Evangelho que todos somos semelhantes no sofrer, na sede de emancipação e de felicidade, exactamente como quaisquer Espíritos em evolução, para quê esta renitência, esta vontade de superioridade, teimando em permanecer na escuridão...
Por isso Francisco de Assis pedia a Deus que desse sofrimento a esta pobre humanidade, pois só assim ela se redime. O sofrimento atroz em que o homem se precipitou está a levá-lo a grandes momentos de dor. Porém, parece não ser ainda suficiente.
Daí o cumprimento das profecias de que virão os tempos de terramotos e maremotos, grandes desastres naturais, outros criados pela mão do homem, as epidemias, os desentendimentos, os lares desavindos, a deseducação, a solidão, o abandono, enfim, o desprezo. As fomes, a miséria, a grande riqueza e o grande poder na mão de um punhado de gente. É caso para dizer que, nos tempos que correm, só não vê quem não quer.
Pense, meu amigo, que de um momento para o outro passamos para o lado de lá, e mais depressa do que esperamos. Pense. Se desencarnássemos agora, para onde acha que iríamos? A consciência acusa qualquer coisa, não é? Pois é. Vamos acabar com isso. Vamos trabalhar para sermos melhores, muito melhores. Vamos ser infinitamente amigos, os maiores amigos. Vamo-nos perdoar de tudo, sem excepção. Vamos deixar de ser como os que pensamos que são diferentes de nós para pior quando nós somos bem piores do que eles. Vamos partir do princípio de que somos parecidos na capacidade de luta, na nossa esperança e na nossa fé. Vamos por isso partilhar forças, vontades, ensinarmo-nos mutuamente o que sabemos, vamos dividir entre nós os bens ganhos por todos. Vamos ser meninos, crianças de sorriso lindo e feliz, os simples do Espírito, os humildes. Vamos fazer a caridade de nos esclarecermos e, por arrastamento, a todos os que do plano invisível se acercam de nós, só assim a nossa luta vencerá.
Seremos tão felizes, tão felizes. Com o Evangelho na mão, vamos em frente, meu amigo, vamos em frente e vamos vencer. Com Cristo nós vamos vencer.
BOAS FÉRIAS E QUE DEUS VOS ACOMPANHE!

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