quinta-feira, maio 05, 2011

NÃO HÁ ...

Festivais de música espírita, mas espíritas que organizam espectáculos de Música.

Arquitectos, pintores, escritores e todas as demais artes espíritas, mas espíritas que estudam Arquitectura, Pintura, Literatura e todas as demais artes.

Chás de caridade espírita, mas espíritas em prol da Caridade.

Escolas de educação espírita, mas espíritas que reflectem sobre a Educação.

Partidos políticos espíritas, mas espíritas que reflectem sobre a Política.

Médicos e psicólogos espíritas, mas espíritas que estudam Medicina e Psicologia. Uma célula ou uma depressão não são espíritas, nem de outra ideologia qualquer

Um Evangelho espírita, mas espíritas que estudam o Evangelho.

Preces espíritas, mas espíritas que se reúnem numa Prece.

Fenómenos espíritas, mas espíritas que estudam os Fenómenos.

Se assim não fosse, teríamos o Sol, a Lua, estrelas e tudo quanto existe no céu pertença exclusiva de alguns.

Tal como as flores seriam pertença dos jardins ou dos altares. Os malmequeres, por exemplo, serão sempre malmequeres, estejam nos altares de talha doirada, ou num templo hindu, num dólmen, como numa jarra sobre uma mesa em nossa casa, ou livres na Natureza.

Como é possível crer que alguém age apenas segundo a pertença a uma doutrina, uma confissão, uma cor, um aroma? Ou mediante a raça, nacionalidade, um idioma qualquer? Esquecem-se de que somos portadores de muitas coisas, informação, valores, comportamentos. Tudo o mais são meras aparências, formas de nos agruparmos segundo simpatias, tão simplesmente.

Aderir, pertencer, viver e sonhar são passageiros, efémeros e voláteis. São nuvens altas, quase transparentes no céu muito azul.

Nada é prisioneiro de nada. Nem as doutrinas, confissões, cores ou aromas. A Natureza é livre, a vida é livre porque Deus é livre.

A maior prisão é querer que seja nosso o que é do mundo. Podemos usar por empréstimo os bens da Natureza, mas nossos jamais o serão, nem mesmo o corpo.

E ainda que alguns pensem que o que fazem é espírita só porque é mediúnico, a situação não é diferente, pois a mediunidade não é pertença exclusiva de ninguém. A mediunidade é uma capacidade biológica, intrínseca ao ser humano, cuja qualidade depende da educação e instrução. Mas mais superlativamente ainda da sua capacidade de amar. Mas atenção, não confunda qualidade com exuberância. O bem agir não é exibicionista, mas acontece no recato de um coração leve e desinibido.

Quanto mais amar, melhor e mais clara a noção de que nada está preso a nada.

O Espírito não é espírita, cabe ao espírita estudar e vigiar o Espírito.

Tudo o que dizemos hoje, amanhã não fará o mínimo sentido pois vivemos alucinados na ignorância.

Margarida Azevedo

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