domingo, março 02, 2014

O ROMPIMENTO ENTRE CHICO XAVIER E BACELLI


Nota prévia:
Embora este texto já não seja novo, nem por isso deixa de estar actual. Desta forma, achamos que é de todo o interesse dá-lo a conhecer aos nossos Leitores. As advertências nele contidas são preciosas e devem ser partilhadas. Espiritismo sem espírito crítico é falho de discernimento, e sem discernimento torna-se uma doutrina muribunda, porque entregue às forças trevosas. O texto que se segue alude a esse facto e apela à razão. Muito obrigada ao seu autor, e que  as bençãos de Deus o iluminem.
Margarida 

Texto de JORGE RIZZINI (jorge.rizzini@gmail.com)

                      Escreveram alguns confrades que com a desencarnação de Chico Xavier encerrou-se o ciclo dos chamados “grandes médiuns”.
                      Ora, a mediunidade é inerente ao ser humano. A ausência dos “grandes médiuns” deve-se, a nosso ver, ao fato de os centros espíritas no Brasil e no estrangeiro não darem a devida ênfase (como outrora faziam) à prática sistemática da mediunidade e seu estudo.
                       Por outro lado, devemos ser cautelosos ao surgir alguém  com poderoso potencial mediúnico. Porque poderá, mais tarde, trazer-nos graves problemas se demonstrar desejo insaciável de elogios, deixar-se contaminar pelo vírus da ganância ou, ainda, não resistir às tentações da sexualidade. Encontrei em minhas longas caminhadas no Movimento Espírita companheiros que por uma dessas razões fracassaram em sua missão espiritual. Tomemos, como exemplo, o   mais recente caso no Brasil, lembrando, porém, que ao fazê-lo outro objetivo não temos senão alertar.
                        Posto isto, vamos aos fatos dolorosos ocorridos em Uberaba e que envolveram, inclusive, o mais notável psicógrafo de todos os tempos, o nosso inesquecível Chico Xavier.
                        Li com a maior atenção os disparates contidos nas mais recentes obras do médium Carlos A. Bacelli. Os textos, da primeira à última página, são mais uma prova de que ele está com os parafusos mentais desatarraxados. Continua vítima de um processo obsessivo que se tornou intenso a partir de l993, ano em que Chico Xavier se viu obrigado a romper o relacionamento com ele por medida de precaução. Dir-se-ia que Carlos Bacelli sofrera um desvio mórbido que o leva, inclusive, a redigir textos que contrariam, frontalmente, ensinamentos transmitidos a Allan Kardec pela excelsa Falange do Espírito de Verdade.
                    Nesse mesmo ano de l993, estando já cerca de dois meses excluído das sessões mediúnicas ao lado de Chico Xavier, eis que Bacelli enviou-lhe uma carta no dia primeiro de fevereiro, da qual divulgaremos alguns trechos (temos em mãos cópia xerocada da carta. Mas os leitores poderão lê-la, integralmente, na reportagem histórica assinada por Gislene Martins e estampada no “Jornal da Manhã”, de Uberaba, edição do dia cinco  de  julho de l997 e intitulada “Correspondência confirma rompimento de Carlos Bacelli e Chico Xavier”).
                    É, realmente, incrível que esse fato de importância histórica (por envolver o nome glorioso de Chico Xavier) haja sido ocultado do Movimento Espírita Brasileiro pelos confrades de Uberaba e cidades vizinhas.
                    Escreve Carlos Bacelli:
                    “Não sei o que aconteceu (ele finge não saber) que, desde dezembro, não temos tido oportunidade de visitá-lo e abraçá-lo pessoalmente. Sinceramente, de minha parte, creio não ter feito nada para magoá-lo. Se algo fiz que o aborreceu, foi de forma inconsciente. Eu jamais o feriria  no que quer que seja.”
                    E acrescenta:
                    “Sempre existiram “forças” tentando distanciarmos... Quantas intrigas foram urdidas com tal objetivo, eu não saberia dizer...” (Bacelli sugere aqui que Chico Xavier acreditou nas intrigas).
                    E mais:
                    “Na semana passada, fui ao consultório do Eurípedes (filho adotivo de Chico Xavier)  e pedi a ele que perguntasse a você sobre a possibilidade de nos reencontrarmos. Permaneço na expectativa de uma resposta positiva. Se não der para ser como antes, ou seja, toda semana, que pelo menos possa ser de vez em quando...” (Como nota o leitor, algo de muito grave acontecera...)
                    Chico Xavier, dotado que era, inclusive, da capacidade de ler o pensamento alheio, acautelou-se, alegou que estava adoentado. Sua resposta foi, como não podia deixar de ser, amável, mas incisiva:
                    “Espero que você e a Márcia (esposa de Bacelli) me desculpem se não posso reatar agora os nossos encontros doutrinários das quartas-feiras e esperemos o tempo. Como sempre confiamos em Deus. Peço-lhes perdoar-me”,etc.
                     E, desde então, Carlos A. Bacelli (atenção redobrada, leitores) NUNCA MAIS  esteve com Chico Xavier. Nunca mais. Nove anos e alguns meses sem vê-lo, embora vivessem na mesma cidade. Oportuno acrescentar que livros seus relatando casos atribuídos à vivência com Chico Xavier perderam totalmente a credibilidade, inclusive,  por outras razões também graves que apontaremos no decorrer deste trabalho.
                      Carlos Bacelli é médium, mas os Espíritos que fazem uso de seu dom psicográfico não são confiáveis. Chico Xavier deu-lhe conselhos, que caminhasse em linha reta com o Cristo, mas Bacelli deixou-se fascinar pelos desocupados do Além (como diria Leon Denis) e com eles rolou ladeira abaixo.
                     Dizia Herculano Pires com sua providencial sabedoria kardeciana que os médiuns não são luminares, nem santos, mas criaturas falíveis que podem cair a qualquer instante de seus falsos pedestais.  E podem cair (acrescentemos) mesmo conhecendo as características psicológicas dos delinqüentes desencarnados e suas técnicas para iludir os médiuns.  Bacelli fez parte da Mocidade Espírita de Uberaba, mas em l994 – um ano após ser impedido de participar das sessões do Grupo Espírita da Prece ao lado de Chico Xavier, lançou o livro “Irmãos do Caminho”, em cujas páginas incluiu mensagens primárias, com um só estilo (o seu), paupérrimas do ponto de vista doutrinário, que ousou atribuir, inclusive, a três notáveis mestres da literatura espírita brasileira – Carlos Imbassahy, Deolindo Amorim e José Herculano Pires.
                      Importante ressaltar que os jornalistas e escritores espíritas não perceberam a mistificação. Ou, se alguns perceberam, colocaram sobre a face a máscara da hipocrisia fraterna e... silenciaram. Diante da indiferença das nossas “lideranças” continuou Bacelli com seu sinistro comportamento, agora mais ousado. Recordam-se os leitores que a partir do ano de l993 teve ele vetada a entrada no Grupo Espírita da Prece, mas Chico Xavier desencarnara em 2OO2 e, então (perguntará alguém), que atitude tomara  Bacelli?
                      De início, plagiou o texto de autoria de Marlene Nobre publicado no jornal “Folha Espírita” sobre a desencarnação de Chico Xavier. E, posteriormente redigiu um texto melífluo, meloso, que divulgou como sendo “mensagem” do Espírito Chico Xavier, mas... sem citar o código que o saudoso e inesquecível médium deixara para identificação do seu Espírito. Quem faz essa denúncia é o filho adotivo de Chico Xavier, o dentista Eurípedes Higino dos Reis.

                       E ainda mais fez Carlos A. Bacelli. Mistificou os Espíritos André Luís e o célebre psiquiatra Inácio Ferreira, desencarnado em setembro de l988 aos oitenta e quatro anos de idade após dirigir com grande competência e extrema dedicação o Sanatório Espírita de Uberaba durante cinqüenta e cinco anos consecutivos.
                       Causam indignação os textos bestializantes atribuídos aos dois grandes médicos do Além. Citemos, para a comprovação dos leitores, alguns colhidos nos livros psicografados por Carlos Bacelli. O primeiro, inegavelmente tem por objetivo aterrorizar os leitores. Eis o que está escrito na página  l48 de “Infinitas Moradas”:
                       “Muitos irmãos encarnados, durante o sono (...) podem, nas dimensões  espirituais, sofrer determinadas lesões perispirituais que lhes comprometem a saúde, inclusive, podendo levá-los à desencarnação em conseqüência.”
                       E o terrorista (na verdade, galhofeiro) insiste, ocultando um sorriso sarcástico:   
                       “Muitos do que, por exemplo, sofrem parada cardíaca durante o sono, não foram simplesmente vítimas de um problema arterial...”
                       Os leitores notaram que o vadio do Além escreve como se não existissem leis na Espiritualidade criadas pelo Senhor da vida e dos mundos e, nem sequer, Espíritos Superiores.
                       Examinemos outra aberração, desta vez contida nas páginas 215-216. Abro aspas e transcrevo:
                       “O sexo além da morte é instrumento de sublimação”. E os obsessores de Bacelli acrescentam que nas colônias espirituais os Espíritos engravidam... e dão à luz!”
                        Idéia bestialógica, que agride e nega os ensinamentos contidos  em “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.
                        Não pretendo comentar todas as tolices que recheiam  os livros de Carlos Bacelli porque nosso companheiro Cirso Santiago já prestou tal serviço. Quanto a este meu artigo divulgo-o  mais uma vez porque – conforme acentuou o saudoso filósofo Herculano Pires – “diante de um patrimônio cultural assim sólido (como é o Espiritismo), até hoje inabalável em todas as suas dimensões, não podemos admitir que pessoas ou grupos incientes se atrevam  a alterar, modificar, corrigir pretenciosamente aquilo que não estão sequer à altura de bem compreender” (vide a obra “Na Hora do Testemunho”, edições Paidéia).
                        O caso Bacelli é constrangedor, mas os leitores hão de compreender que o Movimento Espírita não podia continuar a ignorar que esse nosso confrade ficara dez anos impedido de participar das sessões mediúnicas  ao lado de Chico Xavier – a pedido, aliás, do próprio Chico Xavier, conforme atestam as cartas de ambos publicadas com destaque no “Jornal da Manhã”, de Uberaba.
                        Finalizemos. Reconheço que este meu artigo poderá chocar leitores mais sensíveis, mas ele deve ser entendido como um ato de caridade. Porque Carlos A. Bacelli, continuando a praticar delitos contra a Doutrina Espírita codificada por Kardec sob a supervisão do insígne Espírito de Verdade, terá de arcar com as conseqüências inevitáveis nesta e na próxima encarnação.


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