segunda-feira, maio 16, 2011

IDOLATRIA - UM DOS MAIORES PERIGOS DENTRO DO ESPIRITISMO


Já o povo Hebreu tinha sido alertado: “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egipto, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas, nem as servirás: porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos, até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem.” (Ex 20: 2-5).

Com esta passagem somos tomados de consciência de que Deus tem para com o seu povo uma relação duplamente libertadora. Por um lado, liberta da servidão, por outro liberta a sua manifestação de fé. Se no primeiro caso há uma mudança de espaço, perante o qual há que aprender a viver por sua conta e risco, desenvolver a capacidade de se auto dirigir, pois estamos perante um povo que está a começar a viver em autonomia; no segundo está a construir a sua fé mediante uma base concreta que é a Sua manifestação na História. A individualidade de um povo consiste simultaneamente no modo como vive a sua fé.

Esta passagem do Êxodo remete-nos ainda para um aspecto de capital importância, isto é, a idolatria mantém o crente no politeísmo.

Ao povo Hebreu foi transmitido que só há um Deus, irrepresentável figurativamente; que o homem de fé livre não se curva perante o que é perecível, ou seja, nada do que existe na terra, no céu, na água. Mais, não se curvará diante de figura alguma, pois que simplesmente não as fará. É de tomar especial atenção sobre o facto de o texto bíblico não referir o ateísmo. É simples. As advertências da Bíblia Hebraica como as da Bíblia Cristã (AT e NT) não têm como alvo o ateísmo, mas a idolatria. É contra esta que se insurgem.

Os falsos profetas a que se refere o NT (vide Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.XXI) não são os ateus, mas os que se arvoram como cristos, fazedores de prodígios, pretendendo ser idolatrados, figuras imponentes a que o povo deveria curvar-se.

Os falsos espíritas, que superabundam dentro da Doutrina, e que, frívolos, amam a sua ignorância, fazem parte dos idólatras. São perigosos segundo vários parâmetros que podemos desmascarar do seguinte modo: simulam uma humildade que não têm; temem os que sabem, silenciando-os, ou, o que é pior, levantam sobre eles calúnias; criam interditos, por exemplo, ninguém pode ter uma atitude crítica para com os autores e médiuns dos seus gostos; gostam de dar nas vistas dentro dos Centros; têm-se como superiores aos demais mortais só porque se dizem espíritas; só lêem obras espíritas, tudo o mais não presta; as outras doutrinas são inferiores à doutrina Espírita.

Mas, ainda pior que tudo isto, é o facto de Kardec ser intocável, estar fora de toda a crítica, tão simplesmente por ser o codificador, e Francisco Cândido Xavier, na qualidade de médium, ir pelo mesmo caminho.

Temos, como se vê, montado o circo da idolatria, de tal forma que nas salas de passe estão as fotografias dos respectivos médiuns, e, escandalosamente, dos supostos Espíritos que comunicam com eles. Antes dos trabalhos, quer de evangelização, quer mediúnicos, fazem preces a essas Entidades, pedem-lhes tudo e mais alguma coisa, muito disfarçadamente ou não, chegando mesmo a não orar a Deus.

Esta atitude, verdadeiramente politeísta, está a criar um ambiente trevoso, falho de bom senso. No caso de F.C.Xavier até chegaram ao ponto de dizer que é a reencarnação do próprio Kardec.

Mas isto não fica por aqui. Esta idolatria ou este politeísmo está a impedir que Entidades mais elevadas se manifestem, afastando-as, e com elas os médiuns que as poderiam receber.

Faltando as afinidades com o Bem, tudo o que é sério afasta-se, verificando-se um empobrecimento doutrinário, sessões onde cada um diz o que lhe vem à cabeça como se fosse uma verdade suprema, culminando num mau ambiente nos Centros, implantando-se, consequentemente, um clima de desconfiança, maledicência, com tudo o que daí advém.

Gente sem fé, autênticos pregadores em nome das trevas, usam o sacrossanto nome de Deus em vão, sem qualquer respeito por Aquele que liberta e que tudo nos dá.

Nada na Doutrina escapa à crítica. O próprio codificador alertou para o carácter evolucionista do Espiritismo, tal como Jesus, o Cristo verdadeiro, ensinou que o maior daqui é o mais pequeno no lado de lá.

Os idólatras precisam de ser desmascarados com veemência. Fazê-lo é uma caridade, tendo sempre em consideração que somos tão… pequeninos.



Margarida Azevedo


Bibliografia


Bíblia Sagrada, trad. de João Ferreira de Almeida, Sociedades Bíblicas Unidas,

Lisboa, 1968.
Consultada:

- indirectamente citada

KARDEC, A., O Evangelho Segundo o Espiritismo, CEPC, Lisboa, 1987, cap.XXI, pp. 263-264.
- não citada

ibid, pp.272-273

3 Comments:

At 10:46 da tarde, Blogger JLH said...

Artigo perfeito,,
Merece de todos os espiritas uma boa leitura. Os argumentos acrescentam bastante para nossa cultura kardeciana.

 
At 2:21 da manhã, Blogger jotacampos said...

IDOLATRIA NO ESPIRITISMO NÃO EXISTE. MUITO PELO CONTRÁRIO - O QUE LÁ É IDOLATRADO SÃO OS POSTULADOS DA DOUTRINA. OS ENSINAMENTOS QUE COMPÕE TUDO SOBRE VIDA APÓS A MORTE, COMUNICAÇÕES ENTRE OS DOIS MUNDOS, REFORMA ÍNTIMA, EVOLUÇÃO, REENCARNAÇÃO, TUDO ISSO SENDO ATRIBUIDO A LEIS NATURAIS E IMUTÁVEIS, PROVENIENTES DO CRIADOR E MANTENEDOR DO UNIVERSO....DEUS. QUANTO AS FOTOS DOS ÍCONES DO ESPIRITISMO, NÃO TEM NADA A VER COM IDOLATRIA. QUANTO AOS PASSES E PRECES...OS MESMOS NÃO SÃO DIRIGIDOS ESPECIALMENTE PARA OS SIMPLES MORTAIS...E SIM A DEUS...QUE COM SEU AMOR E MISERICORDIA INFINITOS ENVIA SEUS AUXILIARES A SOCORRER OS NECESSITADOS. ESTA É QUE É A VERDADE. E NADA MAIS.

 
At 10:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

jotacampos, não existe idolatria no espiritismo? Tem certeza?. Já tem centro espírita que tem foto de Bezerra de Menezes, outros com fotos de André Luiz e isso não é idolatria?. Chico Xavier não está canonizado? E Divaldo?, e Emmanuel?. Hoje, o espiritismo no Brasil é a pura idolatria de espíritos e de médiuns, nada mais. Por isso é que a cada dia ele fica mais sectarista como previu Waldo Vieira. A revista espírta de Alan Kardec é muito mais didática, profunda e útil do que essa penca de bobagens que andam publicando e que publicaram e é por isso que eu prefiro estudar num pequeno grupo, como disse o codificador e não sob a tutela da FEB que contribui para este misticismo igrejista em que se transformou o movimento espírita brasileiro

 

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