sábado, maio 28, 2011

A MUNDIVIVÊNCIA DOS NOSSOS AFECTOS

(Continuação)

A tecnologia confronta-nos diariamente com a dinâmica de uma realidade complexa e a sua importância face à objectividade que a vida nos exige, para alguns exageradamente desprovida de sentido, para outros como um vastíssimo complexo aparatoso de máquinas para quase todo o tipo de necessidades. E se tudo isto é fenomenal, verdadeiramente espantosa é a nossa dependência face a esses engenhos, de tal modo que para muitos só lhes falta adorá-los.

Que lugar ocupa o Espírito? É questão que incomoda a alguns não sabendo que, desde a descoberta do fogo, tudo o que se cria e inventa não tem outro objectivo que não seja o de nos reservar mais tempo para nós mesmos. O Espírito é a realidade que une todos os povos face a uma problemática bem visível, o sofrimento. A máquina facilita-nos a vida laboral, alivia-nos quanto ao uso da força muscular, disponibiliza-nos para outras tarefas, nomeadamente estéticas, mas não traz a felicidade que tanto se almeja. A máquina não objectiva nem projecta um fim que não seja imediato, não responsabiliza o faltoso, não o condena por um mau pensamento.

Paradoxalmente, a máquina está a servir, não para conduzir a uma libertação de quem trabalha, facultando o tão necessário tempo para si mesmo, e a que legitimamente tem direito, mas para escravizar, reduzindo cada um a mero utilizador para que a máquina funcione, um parafuso humano.

A educação, longe de formar o indivíduo ensinando-o a destrinçar o que é do Espírito e o que é da Matéria, envolve-o na lei da selvática concorrência. Os alunos são confrontados, desde o ensino pré-primário, com critérios de avaliação dependentes da classe social a que pertencem, etnia, raça ou cultura. Desta forma, estamos longe de uma avaliação objectiva dos conhecimentos, tornando-se imperioso redefinir o papel da Escola, a qual também carece de uma classificação criteriosa a fim de saber como melhor o desempenhar.

Mas isto não é tudo. Quem assiste a reuniões de Conselho de Turma verifica que os alunos são abordados segundo os alicerces afectivos da família a que pertencem. O mau comportamento, a agressividade e violência de significativo número de alunos, o crescente descontentamento para com a escola, o desinteresse pelas matérias, etc., é sempre visto segundo uma postura que em nada os defende. Se a família pode ter algum peso, posição com a qual não estamos em total desacordo, é certo que essa mesma família não pode ser matéria de desculpa para todos os actos que os alunos pratiquem. A família não pode ser uma desculpa fácil para o culto do instinto, da livre expansão dos sentidos. Os alunos têm que aprender na escola as regras básicas da socialização e isso implica o saber viver com problemas. É na escola que os alunos têm o primeiro contacto palpável com os outros. É aí que eles devem aprender que a comunidade pode ajudar a compreender parte significativa dos quês e porquês dos problemas familiares, é aí que eles devem começar a aprender que os problemas são lições que a vida nos dá. O que é certo é que se vive hoje uma infantilidade colectiva, em que os alunos solicitam o apoio da família para resolver questões que deviam ser resolvidas por eles próprios. A escola tem que ensinar a responsabilizar, a cada um saber acarretar com as suas culpas, e não enveredar por uma defesa do perfeccionismo irracional, optimizador e desconexo com a realidade social. Isso mais não serve que para (de) formar personalidades tornando-as intransigentes, prepotentes e inflexíveis.

O mau comportamento, ou a indisciplina ou, digamos mais fielmente, o grito da falta de amor, é o problema desumanizante de uma selecção injusta, em que o aluno não percebe porque é assim.

A educação está longe de responder aos anseios dos alunos, de os interessar e motivar. Não se trata apenas dos curricula que são extensos, obsoletos ou desarticulados. Trata-se de a educação não ter uma resposta para os problemas humanos com que os jovens de hoje se defrontam. A educação não pode continuar a ser uma sala de aula. É da felicidade e do bem-estar dos futuros cidadãos que estamos a tratar. E para isso não há que mexer apenas nos curricula, há que remodelar totalmente o ensino, dando mais ênfase à fase pré-escolar e básica, fase em que são instituídos na criança os primeiros traços da convivência fora do lar.

(Continua)
Margarida Azevedo

1 Comments:

At 11:42 da tarde, Blogger Alex G. Pires. said...

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