sábado, novembro 17, 2007

FLORES DE SILÊNCIO XIX


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“Não façais o bem diante dos homens a fim de serdes vistos e agraciados por eles. Fazei o bem sem ostentação, porque vosso Pai vê o que fazeis em segredo.”
Este preceito de Jesus não se refere apenas aos bens materiais. Os bens do coração são o seu alvo principal. Quantos há que demonstram, publicamente, amar alguém e em privado são autênticos demónios para com esse alguém...
Se você amou no recôndito do seu lar, na intimidade sincera, e não foi correspondido sendo mesmo objecto de repulsa e maledicência por parte daquele que amou (ama), saiba que o Pai percebe o seu problema porque Ele sente o seu afecto.
Deus não é uma ajuda na resolução dos nossos problemas materiais, de colegas de trabalho, para com os nossos familiares e amigos. Ele é superlativamente um amparo nos nosso anseios, a nossa sede de afecto, no muito desejar Ter uma família onde não falte o amor em todas as formas de manifestação.
Não se esqueça de que Deus deu-nos a carne como algo fundamental para a nossa evolução, Ele deu-nos uma vastidão de sensações e de prazeres com os quais podemos ser e fazer alguém feliz. Se o coração comandar esse sentir tão íntimo e tão profundo, a relação será divina.
A que amor nos referimos? A toda e qualquer expressão desse sentimento extraordinário, não esquecendo os nossos inimigos. Sim, não estranhe alargarmos o leque desse sentimento tão nobre àqueles que não gostam de nós. Falar de amor, dar amor é algo que não conhece as sombras das razões tenebrosas que constróem inimigos.
Não é fácil acreditar que nunca lhe tenha acontecido amar alguém muito impossível, que não o podia ver nem pintado. Quantas e quantas vezes uma dor indefinida lhe furtou o sono, perturbou o seu descanso entre almofadas macias, descoloriu aquela reunião de amigos que tinha tudo para ser um serão bem passado; a conversa que estava sem graça, o café que custava a passar, a refeição que ficou no prato, e alguém que, atentamente, o fitava sem que você desse por isso.
Foi a tal ocasião em que manifestou um carinho, um desejo de aproximação, em que ajudou, com muito amor, nas horas difíceis. Repare bem, se contribuiu e colaborou decisivamente para que essa pessoa fosse tocada por algo mais na sua espiritualidade, a sua presença marcou-a certamente, meu amigo.
A ostentação aprisiona, afoga na ilusão, atordoa. Mas o bem, sentido no recolhimento, a dor silenciada, a palavra amiga num pensamento de amor são um bálsamo tão doce.
Mostre-se sempre disponível para com quem o magoou, não o compreendeu. Quem sabe, um dia poderá vir até si, cheio de perdões no coração e você, ainda ferido, não abre as portas.
Não se esqueça, para um cristão a porta nunca se fecha. Para um cristão, ninguém bate à porta. Entra e mais nada.



52

Felizmente que o mundo já conhece a muitos dos que só vivem para fazer o bem. Todas as épocas tiveram seus exemplos de abnegação, de entrega ao bem-fazer, de coragem a ponto de entregarem as suas vidas na horrível dor da tortura.
Mas atenção, muitos fazem um bem grandioso, no entanto perdidos na intolerância. Há que perceber que quanto maior o bem, maior as tentações do lado oposto. Muitos Espíritos desejam que a pessoa fracasse na sua missão, não consiga atingir os alvos tão carentes e necessitados de amor. Por isso é que se vê com frequência muitas instituições de caridade continuarem a sê-lo mas dentro de moldes que não são os da origem, com objectivos absolutamente adulterados; encontramos o mesmo em relação a pessoas singulares, pois que ajudam mas dentro de parâmetros que são os seus, não conseguindo ir ao encontro daquele que é mais fraco, ou está em situação kármica mais dolorosa.
Meu amigo, quem quer ajudar fá-lo de livre e espontânea vontade. Não comenta, não julga, não reprime. Fazer caridade é bálsamo suave e perfumado que acarreta grande ajuda espiritual se for feito com amor. Não há caridade sem amor, pois o amor tudo perdoa, tudo compreende, tudo aceita, tudo explica com sua razão muito própria, tudo atrai, tudo afasta, quando não vem por bem, tudo modifica à sua passagem de luz.
O amor é brando, calmo e presente, sempre presente quando o grito do sofrimento se ouve nos lares dos Espíritos mais elevados, quando alguém chama do outro lado perdido nas dores profundas. Mestres da assistência espiritual, os Guias estão sempre presentes, de ouvidos bem atentos, olhos sempre abertos aos que necessitam de ajuda.
“Perdão, perdão, perdão!”, é o que mais e melhor representam, o que com mais perícia sabem fazer. Eles vêm junto de nós mais vezes do que supomos, acompanham-nos sempre que os chamamos. Não duvide disso nem por um só momento. Não duvide.

Barbara Diller

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