segunda-feira, julho 27, 2009

MORTE É FELICIDADE XLII

A PROBLEMÁTICA DA MORTE NO EVANGELHO
(Continuação)

f) bem-aventuranças

São bem-aventurados todos os que sabem amar, ainda que aflitos nas suas dores profundas.
Os pais que desesperam vendo seus filhos mergulhados nas teias da droga.
Os pais que visitam seus filhos nas grades das prisões.
Os órfãos que pernoitam nas ruas.
Os mendigos ao sabor das intempéries, do desprezo dos que tudo têm e esbanjam para mostrar que são ricos e poderosos.
Os que vêem seus bens perdidos de uma hora para a outra num cataclismo que tudo levou.
Os que vivem horas amargas na solidão.
São bem-aventurados todos os que sabem amar, ainda que pobres de espírito aos olhos da humanidade.
São os olhos de infinita bondade que fazem dos corações portas escancaradas ao perdão.
São os ouvidos sempre prontos para a voz dos que choram de saudade.
É a doce e suave carícia dos que, sem mácula, em tudo vêem representação divina.
É a palavra calma e segura que alenta na fraqueza e traz o sorriso ao mais fraco.
São os que, entregues ao muito bem quererem fazer, muito amam, ajudando com suas preces o caminhar de todos para a salvação.
São bem-aventurados todos os que sabem amar, mesmo que o vulgo não veja como são puros de coração.
Eles são cegos ao infortúnio.
Sorriem na dor mais profunda.
Perdoam na situação mais caluniosa.
Calam o testemunho que condena.
Sorriem àquele que os entrega.
São bem-aventurados são todos os que sabem amar, mesmo que o vulgo não veja como são mansos e pacíficos.
Não sabem erguer a voz, porque a verdade é silenciosa.
Não sabem pegar em armas, porque a verdade é pacífica.
Não sabem dominar, porque a verdade é livre.
Não sabem desconfiar, porque a verdade é transparente.
Não sabem invejar, porque a verdade é de todos.
Não sabem caluniar, porque a verdade é perfeita.
São bem-aventurados todos os que sabem amar, mesmo que o vulgo não sinta a sua misericórdia.
Não têm com que se reconciliar, porque de ninguém se afastam.
Não têm que perdoar, porque nada os ofende.
Não têm por que chorar, porque nada os entristece.
Não têm com que se sacrificar, porque tudo é prazer.
Não têm palavras para julgar, porque tudo para eles é justo.
Não têm nada para repreender, porque tudo é representação de uma justiça perfeita.

São estes os que se têm como os mais culpados, os mais ingratos. São estes os portadores da trave no seu ver sempre limitado, porque a ânsia de chegar até Deus dirige de tal modo as suas vidas que tudo neles é força amarga de um caminho que, embora perto quando comparado com o dos outros homens, é ainda muito distante se comparado com o dos anjos.
Encontramo-los nas lides mais escondidas e preservadas da exuberância que ilude e afasta do verdadeiro sentido da vida terrena, no aconchego espiritual da humildade, na alegria dos que ao amor se entregam de alma e coração. São estas sementes que um dia darão flor entre os cardos que se extinguirão, assim como a glória derrubará o sofrimento.
(Continua)


Barbara Diller

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