OS PROBLEMAS DE GÉNERO JÁ CHEGARAM ÀS CASAS-DE- BANHO
Só para que fique claro, quem escreve estas linhas,
sexualmente démodées, apresenta-se
como sendo do sexo feminino desde que nasceu, não é produto de proveta porque
na segunda metade do século passado tal coisa ainda não existia, era tudo muito
naturalzinho; não tem quaisquer problemas com a sua sexualidade perfeitamente
definida; é apreciadora do sexo oposto e está profundamente apaixonada por um
dos seus exemplares, que por graça de Deus Nosso Senhor tem a felicidade de ser
a pessoa com quem vive; que na sua extrema ignorância e desconhecimento de si
própria e do mundo fantástico que por aí existe, gostaria de incongruentemente
pedir a Deus que a respectiva relação se prolongasse no lado de lá; que sem
interrogações e alaridos não lhe passa pela cabeça mudar de sexo, que mais não
fosse só para ver como é, e assim, por tal mercê, agradece ao Poderoso tão
maravilhosa ignorância; que desde a escola primária às instituições públicas e
privadas sempre que precisa de utilizar os sanitários jamais teve, tem ou terá
problemas sobre quais utilizar; em suma, alguém que sem lhe causar quaisquer
problemas tem perfeitamente claro qual o sítio por onde faz xixi, e por onde saíu a criança que deu à
luz há mais de duas décadas, também ela concebida segundo os mais naturais
impulsos da Mãe Natureza, o que significa um orgasmo fecundante e visível nove
meses mais tarde. Como se vê,tudo muito corriqueiro.
Assim
sendo, e perante as mais recentes preocupações acerca da sexualidade dos nossos
alunos, desde a pré-primária à universidade, há a dizer o seguinte:
A
educação, que está tão bem, professores e alunos, pais e encarregados de
educação não podem estar mais satisfeitos, tudo em maré alta, tem agora um gravíssimo
problema entre mãos para resolver, a
saber, como já não há masculino nem feminino, coisa de gente ignorante, mas
género, que casas-de-banho construir para a tão rica diversidade humana. No
alto da mais fecunda tolerância para com tanto género, é caso para perguntar,
que linhas irão traçar os arquitectos para tão díspares instalações? Se calhar
nem o engenho e a arte de um Miguel Ângelo dariam conta de tamanha presunção arquitectónica,
com vista a tão específica democracia. Até porque os nus dos artistas de todos os
tempos podem estar em desconformidade com o género e, assim, a reflexão
artística ver-se-á a braços com mais uma complexidade da perspectiva.
Por
outro lado, para construir uma escola, quase haverá tantas casas-de-banho
quantas as salas pois o género, e a avaliar pelos espíritos mais
enlanguescidos, pode tornar-se infinito, uma vez que as mais singulares
expressões do humano no seu melhor, ainda que em número reduzido, têm direito à
sua identidade, impondo-se um a milhões de pessoas, se é que esse um existe, é
claro.
É
claro que, qual cereja em cima do bolo, uma democracia que é capaz de resolver o
problema dos xixis e dos cocós é um democracia fecunda e próspera, uma vez que
resolveu a fundo os problemas da educação. Percebê-lo é garantir um futuro
melhor para o país, quiça para a humanidade inteira.
Mas,
reflictamos: como é que dois orifícios tão perfeitamente definidos são
responsáveis por tão alta responsabilidade? É fácil. Um dia, no exercício das
suas profissões, os nossos trabalhadores lembrarão que devem o seu sucesso, ou
não, ao modo como foi tratado o seu género. De tão bem assumido, estarão à
altura de o saber aplicar sempre que neccessário. Assim, quando descontentes
com chefes e colegas, sem complexos, farão cocó e xixi para eles, tendo a certeza de que o fazem com
o seu género perfeitamente erguido, pois foi para isso que estudaram. Por
outras palavras, se as urinas e as fezes se tornaram fundamentais para o bom
funcionamento dos estabelecimentos de ensino, elas são, consequentemente, decisivas
para o ensino-aprendizagem e, consequentemente, para um bom desempenho
profissional, o garante de uma boa cidadania. Que mais podemos desejar?
Por
isso é que o Ministério da Educação, os
sindicatos de professores, as associações de estudantes e as associações de
pais, o Parlamento e a sociedade civil têm um grave problema sanitário entre
mãos para resolver. Quem é que quer que uma rapariga, no seu género, vá à
casa-de-banho das raparigas se ela não é do género feminino? Ninguém. Vai à dos
rapazes, que são de outro género, o que é mais apropriado. Mas isso também não
resolve nada, porque pode dar-se o caso de o género não estar em conformidade. Convém,
por isso, que os governantes se decidam quanto antes, não vá dar-se o caso de,
no meio de tanta confusão, os alunos acabem por fazer as necessidades pelas
pernas abaixo, e ninguém quer os futuros cidadãos de calças molhadas, ou pior, ainda
por cima sob pena de serem acusados de falta de respeito para com os colegas de
outra facção.
E
a propósito, já perfeitamente ciente do seu profissionalismo, um aluno de uma
universidade de Lisboa, da licenciatura de Serviço Social e, segundo ele,
inspirado num deputado alemão, antes de apresentar um trabalho oral, dirige-se
à turma nestes termos:
“- Caros hetero-sexuais, caros
homo-sexuais, prezadas lésbicas e bi-sexuais, caros pan-sexuais, caros
bi-curiosos, caros poli-sexuais, prezados mono-sexuais, prezados alo-sexuais,
caros andro-sexuais, caros gino-sexuais, caros questiono-sexuais, caros
assexuais, prezados demi-sexuais, caros cinzento-assexuais, caros
perioro-sexuais, caros benditos variocêntricos, prezados hetero-normativos,
caros erra-sexuais, caros dois espíritos, caros terceiro género, caros
não-género, caros tétris-género, caros cis-género, caros cis-het, caros
poli-amorosos…”
Vendo
que o aluno nunca mais acabava, a professora reclama:
“Já chega. Agradecia que passasse
de imediato à exposição do trabalho porque está a perder demasiado tempo ao
dirigir-se aos seus colegas de forma tão minuciosa.”
O
aluno, porém, adverte:
“Não, não. Eu não quero ser acusado
de discriminação de género. “e continua:
“Prezados mono-amorosos, prezados
trans-sexuais, caros trans-espécies, caros trans-géneros, caros queer, caros
ally, prezados género-fluídos, caros binários, caros não-binários, caros
agéneros ou géneros vazios, prezados bigéneros, prezados poligéneros, caros
neutróis, caros inter-géneros, caros aporagéneros, caros mavrique, prezados
novigéneros, caros trans-femininos, caros trans-masculinos, caros femme, caros
indecisos…”
Não
estão cá todos porque são cerca de sessenta. Cabe ao/à Sr./a Leitor/a, como
trabalho para casa, e é mera sugestão de quem escreve estas linhas, a pesquisa
do que tudo isto significa, em noite de trovoada, substituindo o peçonhento
livro de mesa-de-cabeceira.
E
asssim se vão desenvolvendo os mecanismos da criação de problemas, inventando desconfortos,
ocupando as mentes com pequenos grandes nadas para que outros vão garantindo a sua cadeira no poder.
Criar um problema é grande habilidade. Maior ainda é fazer parar tudo em redor
do mesmo, isso só para os ditadores.
Acoplado
ao problema segue-se a necessidade de o resolver e esta, movida pela ilusão da
expectativa de garantir uma sociedade mais justa, e a felicidade a cada um de per si, move-se como uma marioneta sem
se dar conta. Criar um problema é um bom mecanismo para atingir metas: cair
governos, subir outros ao poder na condução dos cidadãos a que fins?
Margarida
Azevedo
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