ORAÇÃO - A POESIA DA FÉ
            Evitar-se-iam muitos problemas se, uma vez no dia, nos
dedicássemos a um momento de oração. Não tem que ser longa, nem possuir uma
linguagem elaborada. Deve ser um momento do coração, uma resposta a uma
necessidade de paragem, um minuto de elevação do pensamento, ou um discurso
onde as palavras tomam outros sentidos e se munem de outras forças. Esse
diálogo com Deus traz a descoberta, isto é, tira a cobertura que nos entorpece
os sentidos e nos deixa cair nas ilusões da imediatez.
            Quantas vezes não nos acontece sermos invadidos por uma
necessidade de falar com alguém muito especial, um discurso em jeito de
confissão, porém, com algo que não é bem de carne e osso; quantas vezes não
somos invadidos por uma força impetuosa que nos projecta para uma conversa com
o invisível?! De facto, o invisível pode ser um bom ouvinte, pode conter uma
multidão de ouvidos, pode ser a voz de Deus a chamar-nos para o recolhimento.
            A oração é uma forma de cortar os elos do imediatismo, é
um repouso na pressa do quotidiano, é um comprimido contra depressões,
ansiedades, insónias. E a propósito de insónias, perdeu-se o hábito de orar
antes de dormir, o que significa que não há um corte com as actividades
diárias, com as preocupações e responsabilidades profissionais. Sem oração
permite-se que tudo vá para a cama, menos o descanso, tão necessário e tão
importante para o nosso equilíbrio. 
            À noite, sabe bem elevar o pensamento a Deus (experimente),
agradecer a saúde, a vida, a existência, o dia, enfim. E temos tanto para
agradecer.
Faça
da oração uma necessidade do espírito, um desejo apaziguador, um momento de
santificação. A oração é uma limpeza da alma. 
            Pai, que estais em todo o universo
            Envolvei-nos na Vossa simplicidade 
            Nas palavras puras
            Nos pensamentos inaudíveis.
            Que o nosso querer seja uma fusão
com o bem
            Com as coisas belas 
Com a verdade singela
            Com o amor sem fim.
            Infinitizai, Senhor, o meu desejar a
paz
            Relativizai o meu querer distorcido
            O elogio enganador
            O desejo da chefia perigosa.
            Eu quero o muito crer
            Quero uma fé despida de preconceito
            Quero a força do pensamento livre
            Quero a palavra pura.
            Quero precisar do que não preciso
            Viver o que não vivo
            Envolver-me no inesquecível
            Crescer, superar-me
Ir para além dos limites da minha
natureza.
            Permiti, Senhor, que eu páre
            Que oiça a corrente dos rios e dos
oceanos
            Que me funda com a Natureza
            E me divinize com ela.
            Dai-me as alturas do céu sem fim
            Os limites sem limites
            A graça no tormento
            O vigor na fraqueza.
            Eu quero ser forte como o elefante
            Doce como o cordeiro
            Leve como a pomba
            Cheio de vida como o universo.
            Perdoai-me, Senhor, de não ser,
ainda, nada disso
            Da teima em permanecer cá no fundo
            Porém, a coragem não me falta
            Pois a fé diz-me que estais sempre
presente.
            Margarida Azevedo
            
            
            
            
            











 
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