terça-feira, junho 24, 2008

MORTE É FELICIDADE XVI


A COMEMORAÇÃO DOS MORTOS (continuação)

b)“Dai-lhe, Senhor, o eterno descanso.”

Mas outra noção de descanso se impõe, mais incisiva e determinante para as comunicações: a paz. Ela pressupõe, curiosamente, esquecimento total da vida terrena. Isto significa que esquecimento é sinónimo de descanso. E isso também na nossa vida terrena. Precisamos de repousar, esquecer para termos paz. É a paz do perdão das ofensas, a calmaria própria do nada acontecer que perturbe. É isso a paz.
Estamos descansados quando conseguimos esquecer os problemas, já que não é possível viver sem eles. Para isso, inventamos uma série de técnicas, metodologias quais mecanismos de fuga, a fim de superarmos o que mais difícil é de esquecer com o objectivo de dominarmos a vida. São disso exemplo as meditações transcendentais de que muito se ouve falar, as meditações dos yogues, a espectacularidade dos mantras e suas demoradas repetições.
Do ponto de vista espírita, esta problemática está completamente fora de contexto. Os Espíritos não estão em eterno descanso. Isso não existe, não é possível, não é producente, não é desejado por ninguém.
Se o eterno descanso significar nada fazer, isso é completamente impossível, pois as Entidades trabalham, e muito. Quanto mais desenvolvidas, maior a sua aura, mais abrangente, mais luminosa. Isso significa que têm mais capacidades de trabalho, abarcam uma área progressivamente maior, e dão assistência a mais pessoas.
Se o eterno descanso significa esquecimento da vida terrena, isso não existe. A vida terrena é marco importante na vida de uma Entidade. Se a Terra fez parte do seu aprendizado, então é porque ela desempenha um papel decisivo na sua vida futura. Aliás, o modo como vivemos aqui é decisivo nas relações no além túmulo.
Se o eterno descanso significa entrar em juízo e sentir um arrependimento momentâneo e total dos erros que haja cometido, isso não tem qualquer consistência pois a morte não confere, num ápice, razão clara e profunda. A maioria das Entidades continuam a desencarnar sem o saberem. Não se julgue estranho passarem centenas de anos nesse estado. É a isso que se chama erraticidade.
A falta de prece no mundo é enorme, e com ela a falta de fé. Ora, são precisamente estes elementos que ajudam as Entidades a tomarem consciência do seu verdadeiro estado.
Se o eterno descanso significa perdão total, uma espécie de limpeza a seco, há que perceber que a morte é apenas uma mudança de roupagem e não um processo catártico. Morrer não limpa, apenas transpõe uma Entidade de um estado a outro.
Se o eterno descanso significa encontro com Deus, ingresso no paraíso, então todos quereríamos morrer, pois teríamos um total desamor pela vida. Morte não é subida, ascensão espiritual. Pelo contrário, muitas Entidades, ao desencarnarem, ingressam em mundos muitíssimo trevosos, bem piores que a Terra. Como exemplo, temos os homicidas, os suicidas, os falsos líderes religiosos e políticos, entre outros.
O que é, então, o eterno descanso, segundo o Espiritismo? Ignorância. O eterno descanso não existe porque tudo, no Astral, trabalha. O que existe é uma justa divisão do trabalho, equidade, parceria, cumplicidade entre tudo e todos, de tal modo que o inferior, apesar da sua condição, está abrangido pela mesma regra de justiça.
Ao desencarnar, uma Entidade ingressa no ambiente que lhe é próprio, desempenha as suas funções, e aprende a adorar a Deus acima de todas as coisas. Nada mais justo.

Barbara Diller

0 Comments:

Enviar um comentário

<< Home