MORTE É FELICIDADE VII
O QUE É A MORTE (Continuação)
c) morte é reencontro
“ O Espírito encontra imediatamente aqueles que conheceu na Terra e que morreram antes dele?
_ Sim, segundo a afeição que tenham mantido reciprocamente. Quase sempre eles o vêm receber na sua volta ao mundo dos Espíritos, e o ajudam a libertar-se das faixas da matéria. Vê também a muitos que havia perdido de vista durante a passagem pela Terra; vê os que estão na erraticidade, bem como os que se encontram encarnados, que vai visitar.” (KARDEC, A., o.c., p. 119, questão n.º 160. Sublinhado do autor.)
Para lá do que já foi dito em termos de reencontro, queremos acrescentar que, ao ingressar de novo na pátria espiritual, a Entidade não reencontra apenas os amigos de outrora, mas igualmente o modelo de vida que “interrompeu”. Ela revê locais, estranha a modificação ou alteração de alguns deles, tal como uma pessoa que, tendo reencarnado num país onde já viveu em vidas pretéritas, manifeste laivos de reminiscência esporádicos e estranhe algumas das alterações agora sofridas.
O reencontro significa que o desencarne não é um trambolhão num buraco fundo, manipulação mágica de uma realidade adaptada à mente das crianças, como a do Pai Natal pela chaminé. Não é uma queda no vazio, em suspenso, ou uma acção manipulada como se de uma marioneta de tratasse. O Espírito não é um boneco comandado.
Reencontro significa reunião, reposição, ressurreição, ressurgir, isto é, re-desencarnar. Só verdadeiramente nos reencontramos quando, após uma vida terrena cheia de obscuridade e cegueira, sentimos a luz da consciência tocar-nos o semblante e verificamos o quanto agimos sem razão.
Podemos dizer que a morte é um reencontro com o passado, um ajuste de contas que se prolonga em uma realidade arquetípica, paralela e radical último do nosso mundo terreno. Se viver é pagar a contribuição kármica do passado, desencarnar é rever esse pretérito reformulado, refundido em mais uma experiência cujo objectivo é robustecer a vontade, a inteligência, a fé.
Nos meios académicos, os estudos relativos às organizações secretas e ocultas remetem as suas reflexões para o facto de estas defenderem que a morte é reencontro com uma mega inteligência, ou encontro com uma espécie de hiper-razão, fonte explicativa do mundo carnal.
Não sendo uma organização secreta nem oculta, o Espiritismo é uma doutrina que explica o fenómeno do reencontro de modo diferente.
Assim, desencarnar não é conquistar a mega inteligência, razão, virtude, sabedoria. Não é encontro directo com a Divindade. Muito longe disso. Se uma Entidade, ao desencarnar, conseguir encontrar-se com a sua consciência, reconhecendo que já não tem corpo físico, conseguindo destrinçar encarnados de desencarnados, ouvir os Guias ou fazer um exame à sua consciência, vendo que errou e onde errou, podemos dizer sem receio que estamos em presença de um expoente máximo de esclarecimento, isto é, uma Entidade já muito elevada.
A maioria dos desencarnes são uma autêntica confusão para os desencarnantes, pois vêem-se confrontados com um mar de ignorância muito superior à que deixaram na Terra. A esmagadora maioria dos Espíritos passa anos a fio sem saber que desencarnou, carenciados de uma prece, carentes de amor.
Não encontrando um justiceiro polivalente e multifacetado, encontram parte dos que conhecem de há imensas vidas, quer na perseguição e instinto de vingança, quer em organizações escusas, quer ainda nos tons escuros aonde pouco chega um raio de luz. Sofrem o que fizeram sofrer, lamentam a importância que deram a uns escassos anos na Terra, o apego ao egoísmo que tentaram transformar em virtude. E quando já sabem este poucochinho, já não são dos piores.
O reencontro não é um mar de teorias, mas uma realidade bem dura e real, muito para lá do que supõem as organizações terrenas, as teorias fantasiosas que inventamos.
O reencontro, em suma, é um espelho no qual reflectimos, através do tipo de amigos que revemos, o que já percorremos e o muito que há para percorrer.
d) morte é vida eterna
“Em que sentido se deve entender a vida eterna?
_ É a vida do Espírito que é eterna; a do corpo é transitória, passageira. Quando o corpo morre, a alma retorna à vida eterna.” (ibid., p. 117, questão n.º 153).
Se não podemos reduzir a totalidade do planeta ao nosso lar, também não podemos reduzir a vida eterna a uma encarnação.
A vida eterna é aquela que jamais acaba, aquela a que não podemos impor um termo. Por isso se diz, em Espiritismo, que esta vida é mera passagem, uma estada muito curta num plano denso e bastante trevoso, pois nada é se a compararmos com os mundos ditosos de que nos falam os Espíritos Guias de trabalhos de doutrinação.
Isto não significa que tenhamos convívio com essas Entidades, mas tão somente uma escassa informação a partir dos Mentores dos referidos trabalhos.
Por seu lado, o conceito de eternidade cresce em termos de consciência. Por exemplo, enquanto muita gente ora limitando a prece a um pequeno espaço, ou a um reduzidíssimo número de pessoas, apenas por supor que a sua mente é tão pequenina que não chega mais longe, assim a eternidade é para muitos um cantinho, quem sabe reduzido ao nosso sistema solar.
A expansão do universo consiste em um aumento de consciências quanto à sua magnitude. Como isso não é representável para a maioria das Entidades, o conceito de expansão é problemático. Ora, a eternidade não tem espaço nem tempo, é transformação. Eternidade é o que não sofre morte. É vida.
Assim, pela prece conseguimos tocar o eterno, tanto mais quanto maior for o âmbito em que é inserida. A prece é o discurso que nos transcende, ultrapassando as mais sólidas barreiras. Podemos orar por todos os mundos, pedir pela anulação de todo o sofrimento, de toda a angústia, de todos os restos de uma vida ainda com alguns traços de tristeza ou mágoa, em todas as pessoas, desde as Entidades mais primárias às mais sublimes. Todos, sem excepção, sentem o pensamento de amor que emana daquele que ora. Isso também é eternidade.
A fé, por exemplo, é uma forma de manifestação do eterno que transportamos dentro de nós, do qual somos parte integrante. A fé faz-nos orar com fervor, com coragem e confiança. Ela faz-nos perceber a morte em traços que a nossa compreensão ainda não atingiu.
Barbara Diller
“ O Espírito encontra imediatamente aqueles que conheceu na Terra e que morreram antes dele?
_ Sim, segundo a afeição que tenham mantido reciprocamente. Quase sempre eles o vêm receber na sua volta ao mundo dos Espíritos, e o ajudam a libertar-se das faixas da matéria. Vê também a muitos que havia perdido de vista durante a passagem pela Terra; vê os que estão na erraticidade, bem como os que se encontram encarnados, que vai visitar.” (KARDEC, A., o.c., p. 119, questão n.º 160. Sublinhado do autor.)
Para lá do que já foi dito em termos de reencontro, queremos acrescentar que, ao ingressar de novo na pátria espiritual, a Entidade não reencontra apenas os amigos de outrora, mas igualmente o modelo de vida que “interrompeu”. Ela revê locais, estranha a modificação ou alteração de alguns deles, tal como uma pessoa que, tendo reencarnado num país onde já viveu em vidas pretéritas, manifeste laivos de reminiscência esporádicos e estranhe algumas das alterações agora sofridas.
O reencontro significa que o desencarne não é um trambolhão num buraco fundo, manipulação mágica de uma realidade adaptada à mente das crianças, como a do Pai Natal pela chaminé. Não é uma queda no vazio, em suspenso, ou uma acção manipulada como se de uma marioneta de tratasse. O Espírito não é um boneco comandado.
Reencontro significa reunião, reposição, ressurreição, ressurgir, isto é, re-desencarnar. Só verdadeiramente nos reencontramos quando, após uma vida terrena cheia de obscuridade e cegueira, sentimos a luz da consciência tocar-nos o semblante e verificamos o quanto agimos sem razão.
Podemos dizer que a morte é um reencontro com o passado, um ajuste de contas que se prolonga em uma realidade arquetípica, paralela e radical último do nosso mundo terreno. Se viver é pagar a contribuição kármica do passado, desencarnar é rever esse pretérito reformulado, refundido em mais uma experiência cujo objectivo é robustecer a vontade, a inteligência, a fé.
Nos meios académicos, os estudos relativos às organizações secretas e ocultas remetem as suas reflexões para o facto de estas defenderem que a morte é reencontro com uma mega inteligência, ou encontro com uma espécie de hiper-razão, fonte explicativa do mundo carnal.
Não sendo uma organização secreta nem oculta, o Espiritismo é uma doutrina que explica o fenómeno do reencontro de modo diferente.
Assim, desencarnar não é conquistar a mega inteligência, razão, virtude, sabedoria. Não é encontro directo com a Divindade. Muito longe disso. Se uma Entidade, ao desencarnar, conseguir encontrar-se com a sua consciência, reconhecendo que já não tem corpo físico, conseguindo destrinçar encarnados de desencarnados, ouvir os Guias ou fazer um exame à sua consciência, vendo que errou e onde errou, podemos dizer sem receio que estamos em presença de um expoente máximo de esclarecimento, isto é, uma Entidade já muito elevada.
A maioria dos desencarnes são uma autêntica confusão para os desencarnantes, pois vêem-se confrontados com um mar de ignorância muito superior à que deixaram na Terra. A esmagadora maioria dos Espíritos passa anos a fio sem saber que desencarnou, carenciados de uma prece, carentes de amor.
Não encontrando um justiceiro polivalente e multifacetado, encontram parte dos que conhecem de há imensas vidas, quer na perseguição e instinto de vingança, quer em organizações escusas, quer ainda nos tons escuros aonde pouco chega um raio de luz. Sofrem o que fizeram sofrer, lamentam a importância que deram a uns escassos anos na Terra, o apego ao egoísmo que tentaram transformar em virtude. E quando já sabem este poucochinho, já não são dos piores.
O reencontro não é um mar de teorias, mas uma realidade bem dura e real, muito para lá do que supõem as organizações terrenas, as teorias fantasiosas que inventamos.
O reencontro, em suma, é um espelho no qual reflectimos, através do tipo de amigos que revemos, o que já percorremos e o muito que há para percorrer.
d) morte é vida eterna
“Em que sentido se deve entender a vida eterna?
_ É a vida do Espírito que é eterna; a do corpo é transitória, passageira. Quando o corpo morre, a alma retorna à vida eterna.” (ibid., p. 117, questão n.º 153).
Se não podemos reduzir a totalidade do planeta ao nosso lar, também não podemos reduzir a vida eterna a uma encarnação.
A vida eterna é aquela que jamais acaba, aquela a que não podemos impor um termo. Por isso se diz, em Espiritismo, que esta vida é mera passagem, uma estada muito curta num plano denso e bastante trevoso, pois nada é se a compararmos com os mundos ditosos de que nos falam os Espíritos Guias de trabalhos de doutrinação.
Isto não significa que tenhamos convívio com essas Entidades, mas tão somente uma escassa informação a partir dos Mentores dos referidos trabalhos.
Por seu lado, o conceito de eternidade cresce em termos de consciência. Por exemplo, enquanto muita gente ora limitando a prece a um pequeno espaço, ou a um reduzidíssimo número de pessoas, apenas por supor que a sua mente é tão pequenina que não chega mais longe, assim a eternidade é para muitos um cantinho, quem sabe reduzido ao nosso sistema solar.
A expansão do universo consiste em um aumento de consciências quanto à sua magnitude. Como isso não é representável para a maioria das Entidades, o conceito de expansão é problemático. Ora, a eternidade não tem espaço nem tempo, é transformação. Eternidade é o que não sofre morte. É vida.
Assim, pela prece conseguimos tocar o eterno, tanto mais quanto maior for o âmbito em que é inserida. A prece é o discurso que nos transcende, ultrapassando as mais sólidas barreiras. Podemos orar por todos os mundos, pedir pela anulação de todo o sofrimento, de toda a angústia, de todos os restos de uma vida ainda com alguns traços de tristeza ou mágoa, em todas as pessoas, desde as Entidades mais primárias às mais sublimes. Todos, sem excepção, sentem o pensamento de amor que emana daquele que ora. Isso também é eternidade.
A fé, por exemplo, é uma forma de manifestação do eterno que transportamos dentro de nós, do qual somos parte integrante. A fé faz-nos orar com fervor, com coragem e confiança. Ela faz-nos perceber a morte em traços que a nossa compreensão ainda não atingiu.
Barbara Diller
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