sexta-feira, abril 25, 2025

25 D`ABRIL SEMPRE


 

“Para a liberdade nos libertou Cristo. Ficai, pois, firmes, e não vos metais de novo debaixo de um jugo de servidão!” (Gl 5:1) *

 

            É inqualificável o adiamento das comemorações do dia da Revolução dos Cravos por causa do falecimento do Papa Francisco. O facto nada tem a ver com o Papa, mas com a marcação de território de uma igreja que tudo aproveita para fazer valer o seu poder. O Papa jamais quereria que se adiasse a festa da liberdade em circunstância alguma, começando por ter em conta as suas origens, a sua pregação e os seus ideais em defesa dos mais desfavorecidos/oprimidos.

A força de uma organização que se diga cristã, seguindo o exemplo do seu Mestre Jesus, reside precisamente no seu trabalho em prol da liberdade como a maior dádiva de Deus. A liberdade é divina, é fraterna; a liberdade é o verdadeiro sentido da Páscoa.

            O dia 25 de Abril de 1974 é para se recordar sempre, não apenas no seu contexto social e político, mas também como acontecimento espiritual. Não se confunda a revolução com os ideais da Esquerda, ou com comportamentos religiosos pouco ou nada claros, tenham eles a cor que tiverem. É a Liberdade que se festeja, o maior dos direitos humanos, o fim de uma ditadura que durou uma eternidade.

            Porém, se antes da revolução não se podia falar, hoje não falta quem, em todos os quadrantes, quer políticos, quer religiosos, tente calar os que corajosamente denunciam as irregularidades. A fétida expressão politicamente correcto é disso fiel exemplo.

            O medo de falar vai-se sedimentando, ou porque tudo é sinónimo de racismo, xenofobia, extrema-esquerda, extrema-direita, ou porque ele é uma arma invisível que ataca quando menos se espera. É a época em que se trocam as voltas ao verdadeiro sentido da liberdade de expressão, a qual está cada vez mais periclitante.

            Sejamos cristãos neste momento, como em muitos outros. Sejamos defensores da liberdade como uma graça divina; sintamo-nos comprometidos com a justiça social, a fraternidade, e agradeçamos a todos os que tiveram a coragem de calar as armas com cravos. E, já agora, uma curiosidade: em algumas religiões da Natureza (por exemplo, Umbanda) o cravo vermelho é o símbolo espiritual do mês de Abril.

            Por isso, nada existe que não tenha um cunho espiritual. Quanto ao cristão, este é por natureza um filho da liberdade, pois todo aquele que está verdadeiramente empenhado no caminho para Deus tem nela a sua bandeira.

            Celebremos o fim da tortura, do homicídio impune que, aos olhos dos homens pode esconder-se, mas jamais perante Deus. Peçamos igualmente ao nosso Criador misericórdia para com todos, muito especialmente para com os arrependidos, porque acreditamos que os há.

            Que Deus abençoe todos os que estiveram empenhados neste grande dia, quer os que pagaram com o sacrifício da própria vida, quer os que ficaram com marcas para sempre, e muito especialmente os que fizeram da sua farda o maior dos actos de nobreza.

A todos o meu muito obrigada. Que Deus os tenha em Sua glória.

 

Margarida Azevedo

 

·         Trad. Pastor Dimas de Almeida. 


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