EXORCISMO III
Doutrinar, em Espiritismo, significa
esclarecer. Que esclarecimento pode uma Entidade precisar? Que podemos nós, cá
deste lado, fazer pelas Entidades sofredoras que estão no outro lado da vida?
Nem imaginamos o quanto as podemos ajudar. Tenhamos, no entanto, em
consideração que não há um procedimento transversal, regra de ouro, para todos
os casos. Vamos falar de uma forma geral, apenas.
A maioria das Entidades sofredoras, nos nossos
grupos de desobsessão, não sabe que desencarnou. Então vamos começar por aí:
fazer ver à Entidade que já não pertence a este mundo. Ajuda dizer que o corpo
através do qual está a manifestar-se não é o seu; pode ajudar, também, dizer
onde estamos e em que ano. É espantoso como muitas se admiram com o local e com
o tempo. São, geralmente, Entidades que perturbam de forma mais ou menos
inconsciente, e que, uma vez esclarecidas, seguem o seu caminho de forma relativamente
fácil. 
Outras Entidades há que sabem muito bem que já
não estão neste planeta, em corpo físico. Vagueiam por todo o lado, sempre à
procura de quem lhes dê atenção. São vingativas, levianas, intuem pensamentos
homicidas e suicidas. Geralmente dão mais trabalho a esclarecer, pois que a
doutrinação tem de ir noutro sentido, isto é, há que desmontar-lhes o discurso,
que não raro é complexo, manipulador e ameaçador. Destes fazem parte os grandes
perturbadores que vão parar aos chamados exorcismos.
Nestes casos, segue-se a mostragem, como se
fosse na tela de um filme, do ambiente para onde irão, após o arrependimento
sincero, a compreensão de que chegou a hora de mudar o rumo da sua existência.
Este é o trabalho dos Mentores, através da imposição das mãos dos médiuns de
trabalho. Chama-se a isso o passe de limpeza psicomagnética que, não só limpa a
Entidade dos fluidos negativos, como lhe mostra, por breves segundos, o tal
mundo para onde irá. Habitualmente, os médiuns do grupo de trabalho não têm a visão
desse mundo.
Assim, através desta forma sucinta, e até mesmo
simplista, percebe-se que a doutrinação não é um processo de conversão a uma
ideologia religiosa ou espiritual, não colide com a natureza da Entidade
sofredora, isto é, não entra em choque com as suas origens terrenas na última
encarnação; é antes um processo que visa remetê-la para Deus, libertando-a do
seu sofrimento, e daquele que possa causar a outros cá neste mundo. A
doutrinação é uma pedagogia da fé.
Muito importante: raramente são doutrinadas
Entidades nos médiuns perturbados; só em casos excepcionais, em que a Entidade
perturbadora e o médium têm uma ligação fortíssima. Mas mesmo assim, mal se
abra uma brecha entre ambos, a Entidade é imediatamente transposta para o
médium de incorporação do grupo de trabalho, onde será doutrinada.
Posto isto, nunca é demais lembrar que, no
Espiritismo, não se evocam Entidades, quer
os Mentores, quer as Entidades perturbadoras; não se lhes fazem perguntas, tais
como, de onde vens, porque estás aqui,
como te chamas; as orações são feitas a Deus, Jesus, o Cristo, e a todas as
Forças Divinas, em abstracto; os médiuns dos grupos de trabalho são pessoas
como outras quaisquer. Ninguém, num grupo de trabalho, tem poderes, nem são os
elementos do grupo que tratam as Entidades, mas os Mentores que, ao serviço de
Deus, se servem dos membros do grupo e esclarecem as Entidades. São eles que as
enviam para escolas da espiritualidade, ou hospitais astrais, segundo as suas
necessidades. São também as Entidades desses hospitais e dessas escolas que nos
vêm tratar e esclarecer nas nossas actividades da vida diária. São elas que nos
dão grandes ensinamentos quanto à nossa vivência terrena, que nos aconselham a
arrepiar caminho, quando necessário, e se disso formos merecedores.
Numa linha muito próxima do Judaísmo, em
Espiritismo tem-se a fé de que tudo acontece com a permissão de Deus, sempre. Como
vimos no primeiro artigo, as diferenças entre ambos não são significativas. Até
porque, para a Doutrina Espírita, Deus não é Jesus, o Cristo. Deus não é
representável figurativamente, e Jesus é um profeta judeu, o último dos
profetas, o Messias. 
Voltando às Entidades obsessoras, que, em
Espiritismo, se chamam sofredoras, só para se ter uma ideia mais clara do que
estamos a falar, há Entidades necessitadas que desencarnaram há milhares de
anos, outras, há umas centenas, ou mesmo dezenas, ou ainda mais recentes. O
tempo é sempre outro, o espaço é visto de outra forma, a vida não é comparável
com a nossa. Tudo é diferente. Por isso, quem afirmar que percebe muito da vida
de além-túmulo não sabe o que diz. Nós não percebemos nada de nada. Essa é que
é a verdade. Somos meros peões no tabuleiro do jogo de xadrez. Porém, uma coisa
é certa, as Entidades, todas, são
sensíveis aos nossos pensamentos, às nossas orações, à nossa fé, e tudo o que
se passa deve remeter-nos para Deus. Sempre. 
(cont)
Margarida Azevedo
            











 
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