sexta-feira, abril 18, 2025

EXORCISMO II

Por estranho que possa parecer, as Entidades que procuram apoio espiritual não são apenas as almas dos que viveram na Terra. Manifestam-se também Seres de outras paragens. Alguns chegam a dizer que, de onde vêm, “nem tampouco o céu é desta cor”. O mesmo se verifica em relação às Entidades que vêm em trabalho, isto é, aos Mentores que estão presentes nos trabalhos de desobsessão, utilizando os médiuns. Isto significa que não temos a noção objectiva de onde vêm estas Entidades, quer os que precisam de ajuda, quer os que vêm em trabalho. O que sabemos é que nem todos são da Terra.

            Passemos agora o nosso olhar sobre os sintomas mais comuns que os médiuns perturbados manifestam. Não há um conjunto de sintomas/sinais que seja transversal a todos de forma a poder-se dizer que a apresentação A é sintomática de um problema X. No entanto, podemos referenciar alguns, aqueles com os quais estamos mais familiarizados:  

- Não saber onde está.           

- Alusão a locais, épocas, experiências que não fazem sentido, ou muito pouco.

- Olhar lívido.

- Aumento do peso/inchaço mais ou menos repentino.

- Força sobre-humana.

            - Forte agressividade: auto-agressão; agressão a outros; possível recurso a objectos, nomeadamente facas, cadeiras, peças decorativas.

            - Vómitos estranhos.

            - Comportamentos de animais, chegando mesmo a emitir os sons dos mesmos.

            - Mudança de voz, para mais grave ou mais aguda; adultos com voz de criança, e crianças com voz de adulto; homens com voz de mulher e vice-versa.

            - Linguagem estranha, não raro ameaçadora.

- Discurso em língua estrangeira, ou mesmo em línguas mortas*, ou fora do contexto; sem sentido, dicção imperceptível.

            Face ao exposto, a pessoa perturbada, sempre que possível, não deve ter fios, colares, pulseiras, relógios, telemóveis, dentaduras, cintos, uma vez que pode auto-agredir-se com os mesmos ou agredir que estiver por perto.

            Do lado do grupo de trabalho, o que nunca se deve fazer:

            - Entrar em pânico.

            - Mostrar sinal de fraqueza ou de não saber o que fazer.

            - Desconcentrar-se.

            - Olhar nos olhos.

            - Falar aos gritos, ou de forma agressiva.

            - Ter comportamentos ameaçadores, ou impor-se mediante o uso de talismãs, ou quaisquer símbolos, religiosos ou não (a Entidade pode tirá-los repentinamente e agredir).

            - Fazer perguntas: como te chamas, de onde vens, por que vieste até aqui, quem te deu autorização?

            - Mandar a Entidade embora bruscamente, dizendo-lhe: “vai-te embora; desaparece”, etc.

É importante saber que, no trabalho mediúnico, independentemente das Entidades, protectoras ou perturbadoras, elas não entram dentro do corpo do médium. Não é possível um corpo possuir dois espíritos, tal como dois corpos não ocupam simultaneamente o mesmo espaço. Isto para toda e qualquer Entidade, volto a dizer, todo e qualquer médium, toda e qualquer mediunidade: vidência ou dupla vista, efeitos físicos, psicografia, incorporação, etc. A Entidade serve-se do sistema nervoso central (SNC) do médium, representado nos centros energéticos do mesmo, a saber, os sete principais chacras, que vão desde a base da coluna ao topo da cabeça. Para melhor se perceber, é como se o médium fosse uma espécie de marioneta. A Entidade irradia sobre o médium feixes, a que nós chamamos forças energéticas, que, ao entrarem em contacto com os chacras, produzem o acto mediúnico.

Como tudo se passa ao nível do SNC, há uma ligação, por razões de semelhança, entre a sintomatologia do foro psiquiátrico com as manifestações mediúnicas. Por isso, o médium perturbado deve ser SEMPRE acompanhado pelo médico. A articulação entre o trabalho mediúnico e o médico é de capital importância para a feitura de um diagnóstico objectivo. Muitos falsos problemas psiquiátricos, como muitos falsos problemas mediúnicos, se esclareceriam, a bem dos pacientes, obviamente. Porém, em nosso entender, mesmo quando o problema está cientificamente comprovado de pertencer só ao foro psiquiátrico, devia haver sempre um acompanhamento espiritual, como medida preventiva. Não raro, muitos desses problemas evoluem para uma situação espiritual nada favorável para o paciente.

Porém, de tudo o que acabámos de dizer, nada foi além da componente técnica da mediunidade. Passemos à componente teórica, em que o caso é ainda mais complexo.

Em primeiro lugar, o trabalho mediúnico, nunca será demais lembrá-lo, é independente de toda e qualquer ideologia religiosa. Não se confunda a cor religiosa dos crentes com o seu coração, com o amor ao próximo, e até com a sua fé.

Por outro lado, o grupo de trabalho tem de estar atento ao que as Entidades dizem, sejam os obsessores, sejam os Mentores. Porquê? O discurso das Entidades é, muitas vezes, enganador. Se o grupo não for coeso, muitas Entidades far-se-ão passar por mentoras e não o serem. Há que saber discernir do que está a ser dito. Pode estar a manifestar-se uma Entidade que diz ser o Dr. Sousa Martins, Sta. Maria, ou outra Entidade qualquer de renome e que diz vir ajudar na desobsessão. Se os médiuns do grupo de trabalho forem crédulos e caírem na esparrela, têm a porta aberta a tudo o que as Entidades negativas queiram fazer deles. Isto significa que, associado ao obsessor que se manifesta no médium perturbado, muitas outras Entidades afins podem estar presentes sem que ninguém se dê conta.

O mesmo se verifica quando a Entidade diz que é o diabo, ou outros disparates semelhantes. A Entidade é ela mesma, e basta ao grupo de trabalho observar o modo como se manifesta no médium obsidiado para tirar as devidas ilacções. A identidade não interessa para nada. Não interessa saber quem é, mas que ela liberte o médium perturbado e siga o seu caminho.

No entanto, pergunta-se: O Dr. Sousa Martins, Sta. Maria, entre outros, não podem vir em nosso auxílio? Há que saber distinguir duas coisas muito diferentes na espiritualidade: falanges e linhas de trabalho.

Tomemos o seguinte exemplo. Um país é uma falange; o conjunto de profissões que o compõe é, cada uma de per si, uma linha de trabalho. Por exemplo, o país X tem trabalhadores do campo, secretários, médicos, professores, etc. Qualquer um desses cidadãos, na sua actividade profissional, pertence ao país X, numa linha de trabalho Y. Sta. Maria é uma falange (falange Mariana); as Entidades que se manifestam em seu nome fazem parte de linhas de trabalho. Mas isto são meros exemplos. Na maioria dos casos, ninguém sabe quais as falanges a que as Entidades Mentoras pertencem. Efectivamente, isso é o que menos importa; é o resultado que nos interessa.

Não faltam por aí médiuns perturbados a acreditar que são reencarnação de espíritos de santos ou de profetas, ou que são seres ao seu serviço. As Entidades Mentoras JAMAIS fariam uma coisa dessas. O crente tem de ser livre na sua fé, pois ninguém está aprisionado ao serviço de ninguém; nem de Deus, que nos quer de fé livre.

Há que perceber que as Entidades muito elevadas não se manifestam a nós, porque habitam em planos a que não temos acesso directo, mas indirecto, isto é, por meio dos seus emissários. Estes, são Entidades espiritualmente mais próximas de nós, muito embora já tenham uma elevação que nós ainda não temos. Esses emissários aproximam-se pelos laços da afectividade, ou outra semelhança espiritual. São, habitualmente, seres que nos conhecem muito bem, que zelam por nós e aos quais chamamos Anjos da Guarda ou Guias Protectores. São eles que fluidificam a água (o que na Igreja Católica se chama água benta), ou outros produtos do agrado do médium, dependendo do grupo religioso em causa.

Também numa relação de semelhança (é verdade) manifestam-se os perturbadores, não raro alguns de uma inteligência elevada, que tanto criam distúrbios, como teorias bastante rebuscadas, mas que não chegam a ser alvo dos exorcismos porque são relativamente subtis nas suas malfeitorias. Também nos conhecem, e de que maneira, e por isso mesmo enaltecem os nossos pontos fracos. Fascinam, obsidiam, alimentam a vaidade, criam grandes egos, assim como doenças, e, se puderem, até matam. Inauguram falsos sistemas religiosos, conduzindo os que os aceitam a evocar forças maléficas. Este fenómeno é muito comum através das chamadas aparições. Não faltam centros religiosos, gente santa, homens e mulheres muito virtuosos que começaram a sua actividade espiritual através da aparição de um santo da devoção, que veio pedir para se construir determinada instituição, geralmente de caridade. Porém, até pode ser verdade. Uma Entidade boa pode vir com essa missão. Disso também não faltam exemplos. Mas não faltam igualmente exemplos do contrário. Isto é, instituições em que tudo caminha sobre rodas até que, à página tantas, a referida instituição põe as garras de fora e mostra a verdadeira natureza da Entidade impulsionadora, que os crentes ingénuos cultuam. O suposto vidente, crédulo, começa a dizer que, por seu intermédio, a Entidade continua a manifestar-se, ou outras Entidades suas congéneres, dando-lhe ordens específicas, porque ele próprio tem uma missão sublime. São os enviados de Deus, aqueles a quem o povo sabiamente chama santos de pau podre. Assim engordam os planos inferiores, ao redor da Terra. Quando desencarnam, continuam nas falanges negativas, numa linha de continuidade ao que deixaram na terra. São os falsos caridosos, gente que, enquanto por cá andou, era muito dada às virtudes e fez muito pelos pobrezinhos. Pois é, não falta gente iluminada nos planos da inferioridade. Lembremos as advertências do Mestre, sepulcros caiados por fora…

Por outro lado, nada nem ninguém está livre de descambar. As verdadeiras instituições, aquelas que começaram ao serviço do bem, tal como os Trabalhadores mais sérios, não estão imunes ao desaire. Para tanto basta que se deixem fascinar, resvalando para aquilo a que, inicialmente, não foram os seus propósitos. Isto significa que a vigilância espiritual por meio da oração, solicitando o auxílio de Deus, tem de estar sempre presente.

São estas derrapagens que conduzem a grandes males espirituais, a grandes obsessões que vão acabar, se para tal houver discernimento, nos grupos de desobsessão e nos gabinetes dos psiquiatras. Posto isto, vamos falar de doutrinação.

(cont.)

Margarida Azevedo

 

 

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* Conheço um caso em que o médium falou em egípcio antigo (confirmado pelo próprio médium).

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