EXORCISMO II
Por
estranho que possa parecer, as Entidades que procuram apoio espiritual não são
apenas as almas dos que viveram na Terra. Manifestam-se também Seres de outras
paragens. Alguns chegam a dizer que, de onde vêm, “nem tampouco o céu é desta cor”. O mesmo se verifica em relação às
Entidades que vêm em trabalho, isto é, aos Mentores que estão presentes nos
trabalhos de desobsessão, utilizando os médiuns. Isto significa que não temos a
noção objectiva de onde vêm estas Entidades, quer os que precisam de ajuda,
quer os que vêm em trabalho. O que sabemos é que nem todos são da Terra.
Passemos agora o nosso olhar sobre os sintomas mais
comuns que os médiuns perturbados manifestam. Não há um conjunto de
sintomas/sinais que seja transversal a todos de forma a poder-se dizer que a
apresentação A é sintomática de um problema X. No entanto, podemos referenciar
alguns, aqueles com os quais estamos mais familiarizados:
-
Não saber onde está.
-
Alusão a locais, épocas, experiências que não fazem sentido, ou muito pouco.
-
Olhar lívido.
-
Aumento do peso/inchaço mais ou menos repentino.
-
Força sobre-humana.
- Forte agressividade: auto-agressão; agressão a outros;
possível recurso a objectos, nomeadamente facas, cadeiras, peças decorativas.
- Vómitos estranhos.
- Comportamentos de animais, chegando mesmo a emitir os
sons dos mesmos.
- Mudança de voz, para mais grave ou mais aguda; adultos
com voz de criança, e crianças com voz de adulto; homens com voz de mulher e
vice-versa.
- Linguagem estranha, não raro ameaçadora.
-
Discurso em língua estrangeira, ou mesmo em línguas mortas*, ou fora do
contexto; sem sentido, dicção imperceptível.
Face ao exposto, a pessoa perturbada, sempre que
possível, não deve ter fios, colares, pulseiras, relógios, telemóveis,
dentaduras, cintos, uma vez que pode auto-agredir-se com os mesmos ou agredir
que estiver por perto.
Do lado do grupo de trabalho, o que nunca se deve fazer:
- Entrar em pânico.
- Mostrar sinal de fraqueza ou de não saber o que fazer.
- Desconcentrar-se.
- Olhar nos olhos.
- Falar aos gritos, ou de forma agressiva.
- Ter comportamentos ameaçadores, ou impor-se mediante o
uso de talismãs, ou quaisquer símbolos, religiosos ou não (a Entidade pode
tirá-los repentinamente e agredir).
- Fazer perguntas: como
te chamas, de onde vens, por que vieste até aqui, quem te deu autorização?
- Mandar a Entidade embora bruscamente, dizendo-lhe: “vai-te embora; desaparece”, etc.
É importante saber que, no trabalho mediúnico, independentemente das Entidades, protectoras ou perturbadoras, elas não entram dentro do corpo do médium.
Não é possível um corpo possuir dois espíritos, tal como dois corpos não ocupam
simultaneamente o mesmo espaço. Isto para toda e qualquer Entidade, volto a
dizer, todo e qualquer médium, toda e qualquer mediunidade: vidência ou dupla
vista, efeitos físicos, psicografia, incorporação, etc. A Entidade serve-se do sistema
nervoso central (SNC) do médium, representado nos centros energéticos do mesmo,
a saber, os sete principais chacras, que vão desde a base da coluna ao topo da
cabeça. Para melhor se perceber, é como se o médium fosse uma espécie de
marioneta. A Entidade irradia sobre o médium feixes, a que nós chamamos forças
energéticas, que, ao entrarem em contacto com os chacras, produzem o acto
mediúnico.
Como tudo se passa ao nível do SNC, há uma
ligação, por razões de semelhança, entre a sintomatologia do foro psiquiátrico
com as manifestações mediúnicas. Por isso, o médium perturbado deve ser SEMPRE
acompanhado pelo médico. A articulação entre o trabalho mediúnico e o médico é
de capital importância para a feitura de um diagnóstico objectivo. Muitos
falsos problemas psiquiátricos, como muitos falsos problemas mediúnicos, se
esclareceriam, a bem dos pacientes, obviamente. Porém, em nosso entender, mesmo
quando o problema está cientificamente comprovado de pertencer só ao foro
psiquiátrico, devia haver sempre um acompanhamento espiritual, como medida
preventiva. Não raro, muitos desses problemas evoluem para uma situação
espiritual nada favorável para o paciente.
Porém, de tudo o que acabámos de dizer, nada
foi além da componente técnica da mediunidade. Passemos à componente teórica, em
que o caso é ainda mais complexo.
Em primeiro lugar, o trabalho mediúnico, nunca
será demais lembrá-lo, é independente de toda e qualquer ideologia religiosa.
Não se confunda a cor religiosa dos crentes com o seu coração, com o amor ao próximo,
e até com a sua fé.
Por outro lado, o grupo de trabalho tem de
estar atento ao que as Entidades dizem, sejam os obsessores, sejam os Mentores.
Porquê? O discurso das Entidades é, muitas vezes, enganador. Se o grupo não for
coeso, muitas Entidades far-se-ão passar por mentoras e não o serem. Há que
saber discernir do que está a ser dito. Pode estar a manifestar-se uma Entidade
que diz ser o Dr. Sousa Martins, Sta. Maria, ou outra Entidade qualquer de
renome e que diz vir ajudar na desobsessão. Se os médiuns do grupo de trabalho forem
crédulos e caírem na esparrela, têm a porta aberta a tudo o que as Entidades
negativas queiram fazer deles. Isto significa que, associado ao obsessor que se
manifesta no médium perturbado, muitas outras Entidades afins podem estar
presentes sem que ninguém se dê conta.
O mesmo se verifica quando a Entidade diz que é
o diabo, ou outros disparates semelhantes. A Entidade é ela mesma, e basta ao
grupo de trabalho observar o modo como se manifesta no médium obsidiado para
tirar as devidas ilacções. A identidade não interessa para nada. Não interessa saber
quem é, mas que ela liberte o médium perturbado e siga o seu caminho.
No entanto, pergunta-se: O Dr. Sousa Martins,
Sta. Maria, entre outros, não podem vir em nosso auxílio? Há que saber
distinguir duas coisas muito diferentes na espiritualidade: falanges e linhas
de trabalho.
Tomemos o seguinte exemplo. Um país é uma
falange; o conjunto de profissões que o compõe é, cada uma de per si, uma
linha de trabalho. Por exemplo, o país X tem trabalhadores do campo,
secretários, médicos, professores, etc. Qualquer um desses cidadãos, na sua
actividade profissional, pertence ao país X, numa linha de trabalho Y. Sta.
Maria é uma falange (falange Mariana); as Entidades que se manifestam em seu
nome fazem parte de linhas de trabalho. Mas isto são meros exemplos. Na maioria
dos casos, ninguém sabe quais as falanges a que as Entidades Mentoras
pertencem. Efectivamente, isso é o que menos importa; é o resultado que nos
interessa.
Não faltam por aí médiuns perturbados a
acreditar que são reencarnação de espíritos de santos ou de profetas, ou que
são seres ao seu serviço. As Entidades Mentoras JAMAIS fariam uma coisa dessas.
O crente tem de ser livre na sua fé, pois ninguém está aprisionado ao serviço
de ninguém; nem de Deus, que nos quer de fé livre.
Há que perceber que as Entidades muito elevadas
não se manifestam a nós, porque habitam em planos a que não temos acesso
directo, mas indirecto, isto é, por meio dos seus emissários. Estes, são
Entidades espiritualmente mais próximas de nós, muito embora já tenham uma
elevação que nós ainda não temos. Esses emissários aproximam-se pelos laços da
afectividade, ou outra semelhança espiritual. São, habitualmente, seres que nos
conhecem muito bem, que zelam por nós e aos quais chamamos Anjos da Guarda ou
Guias Protectores. São eles que fluidificam a água (o que na Igreja Católica se
chama água benta), ou outros produtos do agrado do médium, dependendo do grupo
religioso em causa.
Também numa relação de semelhança (é verdade)
manifestam-se os perturbadores, não raro alguns de uma inteligência elevada,
que tanto criam distúrbios, como teorias bastante rebuscadas, mas que não
chegam a ser alvo dos exorcismos porque são relativamente subtis nas suas
malfeitorias. Também nos conhecem, e de que maneira, e por isso mesmo enaltecem
os nossos pontos fracos. Fascinam, obsidiam, alimentam a vaidade, criam grandes
egos, assim como doenças, e, se puderem, até
matam. Inauguram falsos sistemas religiosos, conduzindo os que os aceitam a
evocar forças maléficas. Este fenómeno é muito comum através das chamadas
aparições. Não faltam centros religiosos, gente santa, homens e mulheres muito virtuosos
que começaram a sua actividade espiritual através da aparição de um santo da
devoção, que veio pedir para se construir determinada instituição, geralmente
de caridade. Porém, até pode ser verdade. Uma Entidade boa pode vir com essa
missão. Disso também não faltam exemplos. Mas não faltam igualmente exemplos do
contrário. Isto é, instituições em que tudo caminha sobre rodas até que, à
página tantas, a referida instituição põe as garras de fora e mostra a
verdadeira natureza da Entidade impulsionadora, que os crentes ingénuos cultuam.
O suposto vidente, crédulo, começa a dizer que, por seu intermédio, a Entidade
continua a manifestar-se, ou outras Entidades suas congéneres, dando-lhe ordens
específicas, porque ele próprio tem uma missão sublime. São os enviados de Deus,
aqueles a quem o povo sabiamente chama santos
de pau podre. Assim engordam os planos inferiores, ao redor da Terra. Quando
desencarnam, continuam nas falanges negativas, numa linha de continuidade ao
que deixaram na terra. São os falsos caridosos, gente que, enquanto por cá
andou, era muito dada às virtudes e fez muito pelos pobrezinhos. Pois é, não
falta gente iluminada nos planos da
inferioridade. Lembremos as advertências do Mestre, sepulcros caiados por fora…
Por outro lado, nada nem ninguém está livre de
descambar. As verdadeiras instituições, aquelas que começaram ao serviço do
bem, tal como os Trabalhadores mais sérios, não estão imunes ao desaire. Para
tanto basta que se deixem fascinar, resvalando para aquilo a que, inicialmente,
não foram os seus propósitos. Isto significa que a vigilância espiritual por
meio da oração, solicitando o auxílio de Deus, tem de estar sempre presente.
São estas derrapagens que conduzem a grandes
males espirituais, a grandes obsessões que vão acabar, se para tal houver
discernimento, nos grupos de desobsessão e nos gabinetes dos psiquiatras. Posto
isto, vamos falar de doutrinação.
(cont.)
Margarida Azevedo
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* Conheço um caso em que
o médium falou em egípcio antigo (confirmado pelo próprio médium).
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