sexta-feira, setembro 14, 2007

FLORES DE SILÊNCIO XVI




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É tão difícil viver-se uma vida recta. É tão complexo agradar, ser justo. Caímos frequentemente na triste situação de desagradarmos a alguém, e, para piorar as coisas, sempre para com quem menos desejaríamos que tal acontecesse.
E depois sofremos. Fica-nos um peso na alma, uma angústia e um vazio de quem sente que algo esteve errado. Mas não é bem assim. Se fôssemos mais esclarecidos, veríamos que isso não faz qualquer sentido.
Ser recto faz parte daquele que já evoluiu ao ponto de não conseguir viver de outro modo, alguém que tem a certeza absoluta de que tem como protector a Jesus, o Justo. Esse sabe que as opiniões do mundo não o tocam porque compreende que o grau evolutivo que o caracteriza não poderia agir de outro modo.
O justo nada teme, nada o demove. Entregue ao seu ideal de justiça, não tem quaisquer hipocrisias nos seus pensamentos e actos, não tem subterfúgios. É todo ele em tudo quanto faz. Age pelo prazer de bem agir, perdoa aos que o não compreendem.
A sinceridade caracteriza-o e a protecção dos justos acompanha-º Quantas vezes não se dá conta de que age de forma imprevista e fora das suas noções mais comuns, mas depressa se apercebe que outros agiram, do plano invisível, através dele.
O justo é um agente que está ao dispor da verdade e, por isso, um corpo ou aparelho físico a ser utilizado, quando e sempre que necessário, para que o bem se evidencie em todo o seu esplendor.
Ser justo é ser um médium relativamente esclarecido, alguém que tem uma noção muito viva e muito objectiva do mundo em que vive. E como a justiça é luz, ele é bem mais iluminado que a maioria dos viventes na Terra.
Que exemplos podemos dar de quem assim proceda? Todos os que no seu campo de acção lutam para que a humanidade se liberte das teias complexas em que se envolveu e das quais muito difícil está de se libertar: a corrupção, o tráfico de influências, o calar de vozes que seriam chave-mestra para a resolução de problemas, as guerras, os desentendimentos de toda a ordem. Alguém cujos ideais pessoais se confundem com os da comunidade de modo a que, em todos os sectores da vida, se viva o melhor possível, em que os culpados sejam devidamente punidos, ajudados, esclarecidos e posteriormente perdoados.
Como é que a Humanidade poderá atingir um nível de civilização desta natureza? Só através do exemplo desses irmãos, autênticos guias de carne e osso junto de nós.
Não somos nós os justos, nós que ainda nos queixamos dos espinhos que nos advêm dos actos dos outros, nós que queríamos que nos agradecessem os nossos belos actos. Nós temos ainda muito que aprender sobre justiça.
Não desanime, percebê-lo já é estar no caminho.
Vá sempre em frente e não pare.

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“Nos tempos que correm é muito difícil manter um casamento. É o stress, a rotina, o cansaço dos transportes ou do automóvel. É a sexualidade que perde o encanto, as carícias diminuem, os feitios que entram em colisão. É o arrependimento por ter decidido partilhar a vida com uma tal pessoa.”
De facto, muita gente pensa assim. Porém, esquece-se de que provavelmente tomou uma decisão precipitada, irreflectida, talvez mesmo uma decisão para a qual pesou com mais intensidade o desejo de receber que de dar. Estava muito carente e pensou encontrar a tábua de salvação, estava magoada e pensou que tinha encontrado a cura para as feridas.
Tudo isto pode estar certo, mas tenhamos em consideração de que falta o mais importante, falta o esclarecimento espiritual.
Uma relação concretizada ou unida pelo verdadeiro amor nunca se queixa de stress, rotina ou fadiga. Quando um homem e uma mulher estão unidos pelo verdadeiro amor sentem que a sua relação cresce todos os dias.
O amor nunca acaba nem se cansa, porque ele é representação de Deus em nós. Caso contrário Deus também teria stress. Ora, como Deus não tem stress nem se consta que tenha uma vida rotineira, o amor também não se acaba. O que se acaba são as falsas relações de amor, o amor conjugal essencialmente carnal, por exemplo.
Que tipo de amor predomina entre homem e mulher? Que sentimento os une? Que objectivos os orientam, que tipo de vida traçam enquanto dois seres que decidiram livremente partilhar a vida? Como se tratam eles um ao outro?
Lamentavelmente, o egoísmo é o que mais se manifesta, o querer sobrepor-se ao outro, o medo de se rebaixar. Quando dois seres enveredam por esse rumo, muito doente está a sua relação.
Lembre-se, meu amigo, de que o amor não adoece, não enfraquece, não esmorona, não destrói, não reclama, não exige. O amor não tem noções do dever ou não dever, desconhece o que significam coisas tão banais e vulgares como rebaixar, humilhar, calar, esconder-se, adulterar.
Quem ama tolera, perdoa, compreende, deseja incontroladamente, tem uma força desmedida. Quem ama tem a felicidade de amar e não se deixa envolver por falsos quereres, falsas expectativas, falsos sentimentos.
Meu amigo, pense bem antes de decidir seja o que for. Tenha cuidado em não se magoar nem magoar ninguém. Não procure relações ideais, procure e cultive as possíveis, obviamente sempre rumo a um amor cada vez maior.
Pense bem.