terça-feira, dezembro 25, 2007

MENSAGEM DE BOAS FESTAS


Meus amigos


Na quadra que atravesssamos não faltam as mensagens que apelam ao amor, à paz,à concórdia, à fraternidade... Superabundam os tesouros artísticos das artes mais nobres expostos por sensibilidades raras, fazendo um apelo ao Belo como forma de expressividade da alma cristã. Porém, escasseiam os apelos ao empenho de cada ser humano na modificação do planeta e de cada um em si próprio. No entanto, crescem e multiplicam-se as alusões à interioridade de cada um, tipo "se você se modificar, o mundo modifica-se também; se você amar, o munda ama consigo; se você se abrir ao outro, o outro abrir-se-à a si, etc." Mas eu pergunto: "Como podemos fazer tudo isso sem o contributo do outro?" Mais, em que medida isso implica uma modificação de nós mesmos?

Há que não esquecer que ninguém pode fazer o que quer que seja sem o confronto com a realidade do outro, o meio em que vive, a educação que recebeu, a luta que trava na conquista de um mais que o enalteça e o faça crescer.

Eu não me modifico, não sou capaz, somos nós, em intercâmbio, que nos modificamos mutuamente uns aos outros; eu não amo no vazio, amo o que tenho à minha frente, o que para mim é uma realidade visível, pois já Sto. Agostinho dizia que ninguém ama o desconhecido; eu não me abro ao nada, ao invisível, mas ao que é palpável à minha sensibilidade.

Esses apelos ao eu, e de tudo partir do eu, não são mais do que formas ilusórias de falar em espiritualidade na linguagem egoísta dos que não sabem nem querem pensar por si mesmos. Quando há outros a pensar por nós, ou a fabricar mentes colectivas, o resultado é fácil de prever: fazem-se homens-bomba como bonecos de vidro, tão ilusórios na solidez quanto frágeis como perigosos.

O medo do pluralismo, do confronto aberto e franco de pontos de vista divergentes, resulta no encerramento de pessoas, grupos, centros espíritas, igrejas, religiões, que se temem na directa proporção do quanto se desconhecem, crendo-se cada qual um poço de virtudes e de sabedoria, não se permitindo a si mesmos a entrada do outro, porque impuro, não venha ele, em verdade, contaminar o ambiente de paz, falsa, em que o solitário se encontra. Eu acrescentaria, não viesse o outro, com os seus pontos de vista, invadir e fazer abanar/tremer a falsa paz em que o infeliz vive. É claro, que é muito mais aconchegante para certos sábios, tão sabedores que falam de todos os assuntos e mais alguns, permanecer no seu circulozinho de amigos adoladores, autênticos obsessores de carne e osso, sem o incómodo da interrogação levantada pelo outro, sem a reflexão do que nem lhe tinha passado pela cabeça, sem a saída do paraíso da ignorância. É que estas coisas do querer aprender, cair na consciência, não é possível acontecer sem a queda redonda numa realidade que nada tem de paradisíaca. O aprendizado é doloroso porque responsabiliza, permite o erro e a sua repercussão.

Assim, nestas linhas muito sucintas, lembro que neste Natal não quero falar da saúde, nem do Menino Jesus, nem da paz, porque palavras leva-as o vento, e porque essas preocupações, se é que de tal se trata, devem fazer parte de todos os dias. Lembremo-nos da oração, do empenho na felicidade do mundo, do rumo que este está a levar, da desagração das famílias, do conceito de felicidade e de amor, talvez assustadores para uns quantos, de um caminhar em falso que não se imagina onde irá ter, enfim, do coroar de falsidades e de ilusões a que esta falsa civilização nos tem conduzido.

Se por acaso você é dos raros que está a passar esta quadra sem:

dívidas, porque não se deixa iludir pelo luxo e pela ambição do consumismo desenfreado;

ódios, porque se sente em paz com toda a gente, e não deseja mal a ninguém;

solidão, porque tem ao seu redor alguns familiares, amigos, vizinhos, etc;

problemas de saúde graves impeditivos de trincar uma fatia de bolo-rei, podendo degustar alguma iguaria mais apetitosa para os olhos e para o paladar;

tristeza, porque sente a felicidade de poder partilhar com alguém esta quadra;

Se tudo isto lhe está a contecer, se está feliz com o que tem, se gosta da companhia com quem está a partilçhar esta quadra, então você é muito, muito feliz. Goze bem o momento porque ele é irrepetível, continue em boas festas, faça como Jesus (ver Lc), que não desprezava uma boa refeição, eu diria uma farra, que aproveitava todos os momentos para confraternizar entre amigos e não só, deixando sempre a sua mensagem doce e tolerante, tant. a Judeus como a Gentios. É que no convívio e na festa não há ideologias, há partilha.

Continue, que vai muito bem.

Um abraço de Boas Festas


Barbara Diller

sábado, dezembro 15, 2007

FLORES DE SILÊNCIO XXII


56

Você tem a felicidade de viver com a pessoa que ama. Você tem a felicidade de acreditar que o bem é possível, está ao seu alcance, na palma da sua mão.
Para si ser feliz não é olhar o horizonte e ver algo que muito deseja, simultaneamente tendo a sensação de que jamais o atingirá.
É feliz, ama e sente-se amado, mas afirma que há qualquer coisa que lhe falta. Há um vazio, um espaço que não está preenchido, uma lacuna que, a estar preenchida, faria de si um ser totalmente feliz.
De facto, esta nossa natureza insaciável, esta nossa procura constante, este querer sempre em aberto, este desejo profundo de algo... Cuidado! Pense bem.
Desejar ser mais feliz é legítimo. Desejar por ambição insaciável é nocivo e destrói quase sempre o pouco-muito que já atingimos.
Sentir que algo nos falta, é verdade. Sentir que falta o que não falta, apenas dar largas à manifestação de um desejo obscuro e tormentoso, é caminho aberto para perder o que já atingiu por falta de merecimento.
Querer mais porque sabe que o Espírito é uma força incomensurável, é certo. Querer porque ambiciona o mais que a vida ainda não pode dar é não ter a noção da justeza da medida para si, no momento que atravessa, na vida que escolheu.
Dizer que há um vazio é um facto que todos aceitamos. Sentir-se vazio porque há um pouco de nada que não o preenche, e fazer da vida uma luta constante por esse pouco, é não compreender que o que tem é a maior das vitórias, cuja luta deve continuar rumo a um termo que a pouco e pouco se lhe abrirá dando-lhe manifestações de surpresas fantásticas.
Valorar o que não tem é esquecer o presente na felicidade que o representa. É afastar o bem que já conquistou, despojar-se de lutar pelo seu crescimento, não o ver como um veículo para atingir o mais que ainda lhe falta.
Pense que tudo o que atingiu é meio e não fim, partida e não chegada, caminho e não destino. O que tem é o que pode e merece ter, o que lhe serve, o que lhe compete.
São tantos os homens que procuram avidamente e, uma vez atingido, o objectivo tornou-se uma desilusão. São tantos os que dessa forma perdem o pouco que alcançaram.
Se o amor for o guia dos seus pensamentos, a estrada dos seus passos, o seu objectivo será o de render graças, infinitas graças à Divindade pelo amor com que nos presenteia em cada dia que passa.
Temos tanto que agradecer: o sol que nos proporciona a vida, a Natureza que nos alimenta, a beleza que nos envolve, o amor que nos cria. Temos a esperança, e temos a imortalidade, temos a fé sempre em crescimento e temos a caridade que nos ampara.
Temos na Terra o pão e no Céu o Fluído Vital, temos o ar e temos a luz. Temos um firmamento carregado de estrelas, e sois e luz por todos os cantos. Temos mundos infinitos que esperam por nós.
Temos alguém muito especial que nos ama, ou amará um dia, quando uma chamazinha nos tocar em algo que pulsa e bombeia o sangue a todas as partes do corpo. Temos esse alguém por quem vivemos, partilhamos e caminhamos no mar infinito do Universo fluídico que nos gerou mercê da vontade de Deus.
O que é e a que fica reduzido o que dizemos não ter? A objectivos de seres ainda muito pequeninos, muito limitados a um ver que pouco vê.


57
Haverá alguém que caminhe para Deus sem que seja pela via do sofrimento? E que é o sofrimento senão o conjunto dos nossos erros e fracassos, mas também o vasto aprendizado para os superar?
Apesar de revoltado contra si, o que é sempre sem razão pois a revolta não conduz a nada, se o seu erro o conduziu até Deus, então bendiga a sua experiência que lhe aguçou os sentidos para além da vida material.
Você errou e tornou a cair no mesmo erro vezes sem conta. Você fracassou, não foi suficientemente forte e, por isso, repetiu o erro até aprender que o erro é realmente um erro. Meu amigo, nem todos aprendemos segundo os mesmos processos, nem segundo o mesmo tempo. Uns vão mais cedo do que outros, mas todos irão ao caminho, disso não tenham quaisquer dúvidas.
Você precisou de repetir o erro mais vezes do que alguns que com menos experiência chegariam lá. Mas repare, outros precisariam de mais insistência que você. Outros até precisariam de várias vidas. Se você aprendeu a lição ainda nesta existência, então não mal diga da série de repetições a que foi sujeito, das fraquezas sucessivas de que, supostamente, foi vítima, nem da repetição de sintomas dolorosos a que se expôs. Não faça isso.
Agora, apenas remedeie os seus actos pedindo a Deus toda a força para que o seu Espírito tenha, de facto, ficado mais fortalecido. “Pedi e obtereis”, disse Jesus. Peça, peça sempre e com fé. Vai ver que o plano invisível encarregar-se-á de lhe enviar, não apenas a ajuda espiritual do plano invisível, mas toda a ajuda espiritual do plano físico. Você vai estranhar a ajuda que lhe chegará, até daqueles de quem menos espera. Costuma ser assim, é sempre assim.
A alteração dos sintomas desagradáveis provocados pelo seu problema só vai depender de si, da sua fé, da sua capacidade em dizer “Não!” Diga sempre “Quem manda em mim sou eu e só eu, e nada me pode acontecer sem que eu o queira!” Tenha mão em si. Seja forte. Seja sempre muito forte, ainda que os outros não o compreendam, ainda que não saibam ver o que se passa consigo, a sua transformação radical.
Seja um homem novo. Tenha fé, pois vai consegui-lo.
Barbara Diller

terça-feira, dezembro 04, 2007

FLORES DE SILÊNCIO XXI


54

Ainda são tão poucos os que trabalham em prol do Evangelho, ainda são tão poucos os que vivem o Evangelho, ainda são tão poucos os que o estudam, combatendo a ignorância espiritual, são tão poucos os que vêem no Evangelho o maior livro de sabedoria.
Pobre humanidade que se julga tão importante, que se pensa muito sábia dos assuntos da ciência e da filosofia quando, afinal, tudo se resume à nossa procura de felicidade e, concretamente, de amor.
Todos os saberes fazem falta, é certo, mas de que servem se não forem utilizados para o amor? De que serve trabalhar para garantir o sustento, se o trabalho não for feito com amor? De que serve ganhar muito, Ter muito dinheiro se não houver ninguém com quem o partilhar com amor?
“Felicidade! Eu não acredito na felicidade. Sei que a vejo no horizonte, mas sei que jamais a alcançarei.”, dizia-nos um homem sem sonhos. Um pobre homem, de carreira profissional brilhante, a viver com uma mulher maravilhosa, mas com problemas, com dificuldades ou escolhos, porque sem eles a vida não existe. O pobre homem dava mais ênfase ao mundano, ao imediato que propriamente à família que Deus lhe deu de presente.
Um pobre homem com saúde, com uma vida pela frente, com uma profissão bonita. Um pobre homem que não compreende nada para além do que o seu fraco entendimento capta na imediatez do sensualismo. Um pobre homem adúltero, que trai a esposa dedicada e meiga, no seu próprio dizer.
Há tanto por trabalhar, meu amigo. Jesus espera estas almas no redil do arrependimento. Jesus não culpa nem aponta, apenas aguarda, esmeradamente enviando os Guias espirituais que, com toda a dedicação, vêm junto de todos os pecadores mal estes elevam o seu pensamento ao alto.
Nós dizemos mal estes elevam o pensamento ao alto, mas não, meu amigo. Os nossos Guias estão sempre connosco, eles seguem-nos com seus corações de mãe e de pai, de quem sente que é nosso irmão em Deus, de quem prometeu ajudar na seara tão vasta das nossas faltas e perdições onde semeamos cardos. Não, meu amigo, os Guias estão sempre por perto e, mal vêm uma porta aberta, uma nesga de arrependimento, então tomam uma força sem fim.
Se os seres na Terra conseguissem Ter uma pequenina ideia do que são capazes esses Guias, quem eles verdadeiramente são. Oh, seria tão bom se os corações dos encarnados conseguissem tocar, mesmo ao de leve, estas falanges da bem-aventurança? Seria tão bom que os de carne e osso conseguissem elevar seus pensamentos acima do que é da Terra e tocar com a mente na outra razão das coisas, na outra forma de as avaliar e retratar.
O homem não é carne e osso, nem terra, nem imediatez. O homem é uma representação da Divindade, uma criatura ao serviço do bem e da felicidade que o espera na casa do amor.
Porém, ainda somos tantos os pecadores, ainda persistimos teimosamente no que nos assusta e enegrece a alma. De uma forma ou de outra, cometendo erros diferentes, todos somos parte do erro que ainda caracteriza o nosso viver sem amor profundo.
Meu amigo, os Guias estão connosco. Precisamos de saber ouvi-los no recanto do nosso quarto, no silêncio do nosso Espírito. Silencie, meu amigo, silencie e encontrará Deus no seu coração. Só assim conseguirá ser um candidato a trabalhador, muito querido, nesta tão bela seara de luz.

55

Um dia compreenderemos melhor as palavras e a herança que o Pai nos deixou através de Jesus. Será o Dia sem noite, o Dia de todos os dias, um dia infinito, a felicidade na palma da mão.
Um manto de luz cobrirá a Terra e todos os que nela vivem serão chamados filhos de Deus, porque unidos na Sua fé e no Seu amor.
Um único propósito reinará: ninguém magoará ninguém. Antes de agir, todos pensarão primeiro se o que vão fazer aos outros gostariam que lhe fizessem. Cada acção e cada pensamento terão sempre em conta o bem estar de todos e ninguém ousará levantar falso testemunho de ninguém.
Os irmãos mais dedicados à caridade, isto é, os que dela tiverem mais experiência, ensinarão a tudo aceitar com compreensão. Não haverá dor nem sofrimento algum. O alívio de todos por todos será uma preocupação constante, e ninguém deixará que ninguém sofra, pois que o sofrimento de um será o sofrimento de todos.
Ninguém perdoará a ninguém pois que não haverá nada para perdoar, nem ofensas, nem erros de espécie nenhuma, nem constrangimentos, nem disfarces, nem subterfúgios. Tudo será incrivelmente transparente.
É o Dia eterno da paz em que a luz deslumbrará a todos. A cegueira às coisas mundanas será uma constante, o sonho uma realidade suave a agradável, e os cânticos serão de graças e de louvor a Deus por nos Ter criado para um mundo tão sublime e tão puro. Mas a cegueira irá mais longe: ninguém verá o erro, nem o desgosto, nem a desilusão, nem nada do que possa causar uma ténue desconfiança. A entrega a Deus será total, o Evangelho o estado natural de todos os seres e de todas as coisas. A Criação será vista como um mar de coisas belas e suaves, coloridas e atractivas na sua expressividade toda espiritual.
Os que se amam serão naturalmente agregados em famílias, unidas pelos laços de comuns objectivos, sempre o bem na sua maior expressividade. Cada família não será mais feliz que a outra, pois todas serão infinitamente felizes onde cada uma será representação fiel dos mandamentos que Deus nos legou.
Assim, a luz e o amor acompanharão para sempre as vidas dos felizes e dos justos na Santa Casa de Deus.

Barbara Diller