domingo, maio 28, 2023

O PERDÃO DE JESUS IV

  


A novidade deveras radical nesta chegada do Messias, vindo da negrura do sofrimento e das mãos dos inimigos, consiste talvez em que Ele não vem como vingador, mas como aquele que concede o perdão; e como aquele que intima ao perdão e concede o poder de perdoar. T. Halík*       

 

O que classificamos como pathos é decorrente de uma imperfeição do nosso olhar. Mas não apenas. É aos sentidos que devemos a caracterização do sofrimento que, não raro, nos enganam e entorpecem.

Este sofrimento tem também o rosto de um défice de fé, um sinal perturbador de que não temos o domínio do acreditar, que, diga-se em abono da verdade, já nem devíamos ter porque Deus é facto consumado, tão vivo e presente quão perturbador, mas o de O desacreditar sempre que a vida nos diz, de alguma maneira, um não retumbante.

É a sinalética das nossas feridas, dos nossos assuntos por resolver, do que vamos acumulando e deixando para trás. O sofrimento vai construindo pontos de referência, os tais elementos fundamentais à mudança do nosso estar e do nosso ser.

Neste pathos da fé, existencial e metafísico, impõe-se a necessidade de uma Páscoa permanente, uma passagem da ignorância ao saber, da mentira à verdade, da não-fé escura e tenebrosa à fé e à superação, isto é, a não-fé toda confiança, superação, a única capaz de ridicularizar a fé inicial. Digamos, entre a não-fé cavernosa e a não-fé arrebatadora e super-luminosa, há todo um percurso onde não faltam os desânimos, mas também as forças poderosas; as fés enfraquecidas, mas também aquelas que não sabemos onde as vamos buscar. Este é o percurso do perdão de que Jesus nos dá testemunho, aquela força, como diz Halík, de que somos investidos, a saber, do poder de perdoar.

Por isso, o perdão de Jesus é uma entrada vertiginosa na não-fé, a tal que em nós é a do poder maior que há. Acreditar que o passado é raiz, fonte de todos os infortúnios, não se diz que seja totalmente falso, diz-se apenas, e porque todos é demasiado arrebatador, que não é a única fonte, que sê-lo-á remotamente, tão remotamente quão o estamos da diversidade de vidas e respectivas culturas que habitámos no pretérito. “Vai e não tornes a pecar” significa parte para outra, reforma-te, muda radicalmente. Porque o perdão investe de coragem, uma coragem muito especial que conduz aquele que é perdoado a um alívio inexplicável, como um Pentecostes que caiu sobre ele/a que o/a dotou de outras capacidades, nomeadamente a força para ser diferente e inaugurar outro sentido para os sentidos, um novo ver a que podemos chamar revelação,

Este perdão divino é um marco. Um fim definitivo, uma pedra no assunto. O passado foi-se. E isto porque a nossa fé não faz parte de um processo evolutivo da irracionalidade à razão. Ela chega ao humano não pela via animal, mas divina. A fé pertence-nos tal como o canto às aves canoras ou as guelras aos peixes. A fé pode evoluir e crescer connosco, hominizar-se (1), mas não pertence ao reino animal.

A metamorfose da fé não é a passagem do animal ao homem, mas a dos ciclos, fases, degraus sucessivos que se constituem como caminho para Deus. Os seus diferentes aspectos são mostra das nossas mudanças existenciais. Haver inteligência ao nosso redor não significa inteligência mais fé. A inteligência não implica a fé, o contrário é que se verifica. Porém, não confundamos fé com instinto. Sem fé, limitar-nos-íamos a estar simplesmente vivos, instintivamente a lutar pela sobrevivência, a proteger a vida. Na não-fé superior já não estamos vivos, mas iluminados, vamos muito para além do conceito biológico de vida, já não precisamos do instinto de sobrevivência.

O perdão de Jesus é o maior toque na terra dessa realidade sem fim, porque não é uma luta contra qualquer coisa, mas o fim de obsessões e possessões que, só pelo muito amar, se combatem. São as tais acções cujo fundo nos escapa e cujo efeito é apenas uma parte ínfima do que lhes pode estar por detrás.

Porém, não confundamos o perdão com as incongruências da actualidade. O mundo tornou-se num rebanho sem pastor, todos a caminhar para o mesmo descalabro, ensinados a seguir e a amar os seus próprios carrascos, a protege-los e a votar neles como se se tratasse de super-homens. Esses votantes na mão de inteligências sequazes, estão a definhar economicamente, a viver uma autêntica anarquia moral, onde a razão não faz qualquer sentido legitimando o erro, desenvolvendo a revolta interior no coração de quase todos, os recalcamentos, as tensões sociais. A liberdade individual está em perigo, a liberdade de opinião em risco.

Precisamos de um novo modelo de conversão: à liberdade, à oração, à despolitização da fé. É esta a nova ordem do mundo, o tal mundo novo que vem, não por milagre, mas pelo muito amar. Podemos perguntar: Será o mundo de Deus um universo paralelo? A fé remete-nos para que mundo, que realidade, para que universo? A crença em universos paralelos, felizes e radiosos e em harmonia perfeita, faz sentido? Isto significa que somos habitados por extra-terrestres que nos ludibriam, amam ou odeiam, enganam, divertem-se com os nossos fracassos!? E pergunta-se: Neste contexto, quem, verdadeiramente, somos, de facto? Que peso tem a nossa vontade individual? Teremos mesmo vontade própria?

 Porque este mundo está cheio de erros, sonha-se com a entrada milagrosa nos planetas iluminados. Ora a fé não pode obstar ao nosso trabalho individual e colectivo. Os cristãos não podem fechar os olhos aos novos andamentos do mundo, sentados confortavelmente à espera do Messias Redentor a qualquer momento, ou a aguardar que a morte venha e os arrebate para a luz. Quando a fé virar as costas ao milagreiro é quando o trabalho espiritual na terra tomará a sua devida importância.

Precisa-se urgentemente de lutar contra a indiferença, a crueldade e o politicamente correcto, não mais que a formatação das mentes, dos interesses ignóbeis, do tudo ou nada, dos bons versus os maus. Ninguém é bom.

Urge afugentar as feras das nossas mentes, sair das cavernas da inveja e do egoísmo, das falsas fés, das falsas igualdades, dos falsos direitos, dos falsos racismos, das falsas xenofobias, até das falsas violências e falsas agressividades. Quantas vezes ouvimos o que não gostamos e é uma verdade de que não gostamos; quantas são as vezes que nos sentimos agredidos só porque fomos caritativamente chamados à atenção e não gostámos de ser confrontados com o nosso exagero, a nossa intransigência, a nossa ridícula vaidade?!

O mundo mergulhou numa pobreza que não é só económica, mas e principalmente mental. Há quem acredite que, à semelhança dos computadores, estamos pré-programados, fazendo de Deus um programador implacável. Tudo está previsto, fabricado, construído até ao mais ínfimo pormenor antes de nascermos fazendo de nós brinquedos nas mãos de um deus sádico. Isto é, as nossas incógnitas são as certeza de Deus, a nossa constante novidade um sótão de Deus onde tudo está mais que batido. Assim, a nossa hipotética livre vontade não parece muito bem-vinda pois, neste contexto, pode ser o veículo de grandes horrores. Este é o parecer dos teístas fundamentalistas, para quem o pensar de forma diferente é visto com desconfiança.

Somos transportadores de fantasia e mística, o que nos leva a perguntar se haverá uma tipologia do crente, e nomeadamente do crente monoteísta, cristão ou não? Que racionalidade e que fé o caracteriza? E é aqui que temos uma grande dificuldade em responder: a fé é sempre fé, seja qual for a tonalidade em que se envolva. A fé prende-nos a algo, mas a não-fé luminosa funde-nos com Algo. É essa a diferença.

Em suma, quem perdoa tem poder que lhe foi investido, isto é, não somos capazes de perdoar por iniciativa nossa na medida em que perdoar inaugura uma realidade de que, fora do perdão, não se tem a noção da sua existência; na profusão da violência, das falsas informações, da quadratura mental dos nossos tempos, só o perdão libertador será capaz de fazer arrepiar caminho; perdoar não é acto de luz divina, um acto ridiculamente mansinho, profeticozinho, bonzinho, mas uma pedagogia do amor de Deus em nós; perdoar é acabar com os fantasmas de que existe gente fantástica, ou porque têm gestos e fazem prodígios altruístas (mas esses também os falsos profetas, que são tão convincentes que até podem enganar os escolhidos), ou porque através delas só falam Espíritos de luz, ou porque são grandes pregadores no mundo. Efectivamente, há gente que se destaca, há autênticos profetas do Bem, mas se estão cá neste mundo, então é a ele que pertencem, ainda.

Deixemo-nos de excelências, de supras, de sabedorias fúteis de esperteza sequaz; deixemo-nos de verdades feitas, de chavões; apaguemos as luzes macilentas da ignorância, abandonemos os belos discursos, fechemos os livros de retórica. Abracemos a vida de uma vez por todas; queiramos ser iguais na intransponível e necessária diferença, sejamos daltónicos às cores das peles, não tenhamos complexos da raça a que pertencemos nem olhemos para os outros com desconfiança. Caminhemos para a não-fé, porque tudo é harmonia, tudo é amor. Conquistemos o poder do perdão.

 

Margarida Azevedo

 

 

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Referências

*HALÍK, T., O Meu Deus é um Deus Ferido, Paulinas, Prior Velho, 2021, cap. VII, Estigmas e Perdão, pp. 118-119, (itálico do autor substituído por bold).

(1)Nota: Não concebemos o animal homem sem a fé. A fé está-lhe associada porque a sua carne é de outra natureza.

P. ex, em francês chair e viande designam carne, a primeira designa carne humana, a segunda carne animal. No gr.,: καί ó λόγος γίνομαι σάρξ – Kai o logos, ginomai sárx - (https://search.nepebrasil.org>interlinear): “E o verbo fez-se carne” - Jo 1: 14

Κρέας – creas -  (https://www.infopedia.pt,) carne não humana.

sábado, maio 13, 2023

O PERDÃO DE JESUS III

 


 

            Se nos remetermos aos evangelhos, em Jesus há um perdão existencial e ontológico. “Vai e não tornes a pecar” é a emergência de uma nova antropologia, abrangendo uma pluralidade de sentidos, tais como não voltes a ceder e resiste, não te deixes ludibriar, explora uma nova forma de ver, não caias, toma cuidado e sê vigilante,…. Jesus apela a uma mudança comportamental, com ela uma mudança do nosso olhar. Esse novo olhar conduz inevitavelmente a uma nova dimensão afectiva e relacional: não voltar a pecar inaugura uma relação com o outro e com Deus: Sejas tu quem fores, não interessa de onde vens, o que fizeste, que caminhos cruzaste. Interessa que chegaste até aqui, agora, e é neste momento que és perdoado porque a tua fé te salvou; abriste-te a ti mesmo e disseste “basta”.

            No entanto, há um sentido novo que se impõe: “Vai e não tornes a pecar” é um marco que sedimenta uma relação profunda com o futuro, uma viragem não apenas na acção na mas interioridade. O convite de não voltar a pecar também significa a partir de hoje sê outro. É neste empenho todo ele esperança e fé que reside o afogar dos nossos erros. O perdão é um novo começo, uma mudança na nossa natureza. Perdoados por Jesus, em Jesus e com Jesus subimos um patamar existencial, a saber, abre-se o caminho para a santificação.

            O perdão é o tal momento em que surge, como se diz agora, um clic e nós dizemos: “É agora!” A fé em alguém ou em qualquer coisa é o grande móbil, seja um amigo muito especial que nos abanou no momento certo, seja o olhar em frente com mais incidência, seja uma ocorrência qualquer, seja um problema como os daqueles que os levaram a procurar Jesus.

            É verdade que não conseguimos viver sem pecado porque a nossa condição não no-lo permite, mas temos forças para combater as nossas tendências deletérias bem instaladas nas nossas mentes. Os Mentores dos grupos de trabalho espiritual não se cansam de recomendar a vigilância constante dos nossos pensamentos. É aí que tudo começa, logo é por aí que as nossas lutas devem começar também. Assim, o perdão não é uma questão de merecimento numa selecção rígida entre os que merecem e os que não merecem. Não voltar a pecar é expor-se, pelos seus próprios meios, a uma presença não punitiva e avassaladora, compreensiva e pedagógica. Não é uma questão de memória do que aconteceu nesta vida, nem de vidas passadas e que estão esquecidas. Perdoar não é reavivar a noção de erro, mas uma borracha forte que limpa tudo à sua passagem. Diz T. Mendonça que “o perdão é uma coisa diferente do esquecimento ou da memória … (1); nem aquele que perdoa é uma autoridade moral ou um poço de virtude a pregar sermões chatos: “O perdão não é uma afirmação de superioridade moral.” (2), esclarece o referido autor.

            Perdoar é incentivar à luta. É dar coragem. Quem não se sente perdoado não tem incentivo para mudar. Perdoar é levar o outro e o que perdoa a iniciar uma nova caminhada. Deus não pode ficar de fora, porque perdoar também é arrastar Deus para si, este si que é um nós, o que perdoa e o que é perdoado, Deus, a sociedade inteira. São todos. Perdoar é converter ao humano, expandi-lo, alarga-lo. Quem não perdoa vive numa prisão, amarrado a uma dor que não deixa passar; quem não é perdoado não cresce, julga que é um bem o que realmente é um mal. O perdão é uma chamada à consciência da noção de certo e errado.

            Nos contos de fadas e nos filmes policiais o Mal é destruído, não perdoado (veja-se o exemplo de Branca-de-Neve, ou do inspector que consegue provas irrefutáveis contra o malfeitor). O problema do mal é confiar cegamente em pequenas vitórias momentâneas que lhe parecem estáveis e decisivas, afundando-se na sua própria credulidade. Há uma ignorância característica do Mal, cujo uso da inteligência está ao serviço da astúcia, perspicácia, opressão, subjugação, etc., pelo excesso de confiança em si mesmo, pelo deslumbre e narcisismo. A minimização das forças do Bem que o caracteriza, e cujo potencial desconhece, e por isso não teme, leva-o a uma morte terrível. Os finais de Branca-de-Neve, que variam consoante as culturas, são horríveis; nos filmes policiais ou o malfeitor é condenado à morte, ou fica em prisão perpétua.

O Mal não tem experiência da vida porque esta está encerrada no ciclo vicioso da própria maldade. Ao ignorar por completo a força do Bem, possui uma entrega exclusiva às suas próprias forças, carregando um desejo de domínio do outro, sendo ele o dominado pela sua mesma vivência limitada e míope. O mal não tem amigos. Nos contos de fadas vive sozinho, ocupado com as suas poções mágicas maléficas; nos filmes policiais tem comparsas, extensões de si próprio.

            Podemos acreditar nas forças do Mal, porém jamais na força do Bem, porque só o Bem é Força, e o Bem não é para se acreditar, mas compreender. Compreende-se que o mundo é uma organização complexa, obra de uma Inteligência Suprema. O Mal tem a força que o nosso fraco bem lhe investe, o bem não, o bem, porque é Bem, é a sua própria força. A vitória e a força do Mal significam o fracasso de um bem pouco claro, pouco objectivo, deficitário, perturbado e confundido com outra coisa qualquer.

            Numa sociedade de arquétipos religiosos, o próprio religioso tem sido uma mistura de bem e de mal, o espaço privilegiado da luta entre ambos. É aí que o positivo e o negativo melhor se têm confrontado. A figura do diabo para justificar Deus tem sido o móbil dessa luta: De que lado estamos? Por que o Mal nos parece o Bem? O que é isso de ser enganado no nosso caminho para a Espiritualidade Superior? O que é que verdadeiramente nos engana?

            Podemos culpar os atractivos, as seduções e o brilho com que muitas vezes a vida nos ilude. Porém, é o nosso mau uso desses mesmos atractivos, que na nossa ignorância nos parecem um bem, que devemos perdoar em nós próprios. Podemos temer o ódio, a inveja, o ciúme; podemos combater a idolatria, a vaidade. Porém, a visão material da vida enfraquece-nos não raro a fé enquanto caminho libertador. Não é Deus que nos põe à prova. Somos nós que o fazemos com todas as ilusões que criamos, o desejo de nos sobrepormos, o julgarmo-nos mais inteligentes, mais aptos, mais perspicazes, mais ambiciosos, tudo qualidades de grande valor nos tempos que correm. Porém, talvez não haja o bom e o mau como nós os imaginamos, talvez para singrar na vida nem se precise de ser ambicioso/a ambicioso/a. Quem sabe? Efectivamente, o que nós precisamos é de saber que para ser feliz é preciso o outro e Deus e que, nesse quadro, todo o mal que possamos fazer é não mais que um acidente no percurso existencial.

             A nossa sociedade está cada vez mais esclavagista. Temos a sensação de viver num período histórico em tudo está virado no avesso. É preciso nervos de aço para conseguir manter a calma e a serenidade, alguma saúde mental. O perdão de Jesus é a força, a coragem de ir ao arrepio da onda de falsos valores, falsas noções de felicidade, uma quebra, enfim, nesta anulação do humano e da sobrevaloração da máquina e do instinto animal. Precisamos urgentemente da sair das cavernas, principalmente das doutrinas que nos aprecem perfeitas, dos sistemas fechados, do acriticismo e do silêncio que nos vão caracterizando.

A História, o palco da nossa vulnerabilidade e contingência, com os seus arquipélagos religiosos, numa transformação contínua e profunda a que nos expõe, relata-nos o mundismo em que caímos. Ao invés do aprendizado de uma força libertadora e compreensiva dos nossos comportamentos, mostra-nos o desejo de materializar o imaterializável. Ver Deus na História não significa fazer de Deus uma pedra, mas que a pedra pode ser um instrumento ao serviço de Deus. Tudo vai depender de como o humano lhe pega, que instrumentos constrói com ela, como é que ele a olha.

A História existe não como mero desfile espácio-temporal dos nossos actos, mas como pedagogia e estudo de nós mesmos, a saber, o que e quem somos. Há uma teleologia inerente ao acto histórico; ele tem um fito, bem como uma escatologia, isto é, caminhamos para alguma coisa, dirigimo-nos para algum lado, porque há algo que certamente nos espera. Caminhamos para um fim, não para o fim: a fusão do homem com Deus quando no mundo, finalmente, houver Paz.

(continua)

 

Margarida Azevedo

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(1)   MENDONÇA, J. T., Pai-Nosso que estais na Terra, Paulinas, Prior Velho, 2014, XI, Uma Decisão Unilateral de Amor, “…ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS A QUEM NOS TEM OFENDIDO”,  O que o Perdão não é, p.123.

(2)__________________ idem, ibidem.