domingo, abril 09, 2006

PÁSCOA FELIZ 2006



Associada ao sofrimento na sua forma extrema de dor física e moral, fruto de injustiça, traição e inveja, reduzindo o homem a uma condição existencial mesquinha, a Páscoa tem representado o vasto caminho trágico da passagem da crueldade à ressurreição.
Jesus, o Homem-Espírito sobre o qual recai o sentido directo desta passagem, tem constituído o vértice de uma pirâmide representativa de um sofrimento inigualável. Ora, Jesus não é o clímax do sofrimento, mas o mestre na arte de bem sofrer.
Homem como nós, com sensações e angústias, sexualidade e comportamentos em tudo idênticos aos nossos, ensinou que a condição humana está prenhe de luz e perdão, salvação e esperança.
Páscoa, a grande passagem do cativeiro à libertação, surge com Jesus como o vencer da morte, ela própria a maior das passagens, porta para o grande triunfo. A identidade de Jesus confunde-se assim com uma noção de vida que suporta a morte, enquanto momento face a uma eternidade construída por Deus exclusivamente para o homem.
Assim, o conceito de vida não se reduz a uma concepção biológica, um mero psicologismo ou mesmo um sopro vital insuflado nas narinas; a vida contém a eternidade, a força impulsionadora para o desafio da fé.
Desta forma, ela é o movimento que o homem possui para atingir a felicidade. O triunfo de Cristo é o triunfo de todos os homens, a eternidade vestida de corpo em Jesus, tal como cada um de nós representa Deus na sucessão infinita de corpos que a vida nos oferece no caminhar permanente, rumo a uma felicidade que não é possível sem erro, queda, limite, finitude, fracasso. Tudo isto podemos sintetizar numa única palavra: sofrimento. Porém, ele não é a súmula do que muito elaborámos em vidas pretéritas, resultado de uma total ausência de perdão, isto é, fizeste-pagas, numa leitura desfasada e mal compreendida da Pena de Talião.
De facto, de que serviria a fé sem a eternidade, a cruz sem perdão? Como pensar ou articular a mensagem de Jesus Cristo sem uma dinâmica de “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.” ? Se os pais, nas suas imperfeições, perdoam aos filhos os seus naturais erros, nós, ainda bebés na espiritualidade e filhos de um Pai todo luz, suprema bondade, criador do céu e da terra, o que não será ele capaz de perdoar?!
O homem, renovado em Jesus Cristo, é um ser de arrependimento, ponto de charneira deste movimento de fé. Sofrer é o resultado do muito que ainda há para desbravar na nossa existência, um karma que mais não significa que imperfeição, acção plena de desajustes que pretende superar-se a si mesma. De que serviria o arrependimento se não existisse o perdão? Receber na própria pele o que se fez a outrem, mesmo tendo em conta as diversíssimas capacidades de sofrer, não constitui arrependimento. Este só faz sentido mediante as certezas da fé.
Os nossos corpos sucessivos são as nossas infinitas ressurreições, as nossas mesmas passagens das derrotas aos triunfos, dos cativeiros às liberdades, reaparecimentos carnais neste mundo, mostra de que a Matéria é ponto fundamental neste processo evolutivo, neste movimento ininterrupto de um menos para um mais. A nossa ressurreição, podemos encará-la com uma capacidade dupla de ressurgir tanto na carne como no Espírito. Assim, reencarnar e ressurgir podem identificar-se, tudo depende do lado em que nos colocamos.
O próprio Jesus é Cristo no meio de nós, confirmação deste movimento de cá e lá, precisou de viver esta Páscoa connosco, passar por aqui para nos mostrar o Caminho, a Verdade e a Vida.
Assim, cada existência é ela mesma uma Páscoa, uma passagem triunfante, uma pequena victória, ainda que nem sempre assim nos pareça. Preocupados excessivamente com mórbidos e desajustados juízos de valor, há os que encaram os fracassos como derrotas ou pecados mortais, sejam eles o suicídio, o homicídio, ou outras quaisquer formas violentas de pôr um termo à vida. Conseguir vir a este mundo já é concretizar uma passagem à esperança de novas experiências e novos aprendizados; e se morrer e matar ainda nos chocam, apesar das superabundantes tentativas de clarificação sobre essa temática, aprendemos com Jesus como tudo isso é tão simples, tão superável e infinitamente pequeno face ao sentido pascal da sua mensagem. Lembremo-nos que foram a mentira, o ódio e a inveja os construtores da cruz. É por aí que devemos encetar a nossa luta para que um dia celebremos a Páscoa, já não fazendo parte dos que não sabem o que fazem, mas dos que partilham a sua fé.
Com Jesus Cristo, passemos à outra vida, a morte chegou ao fim.


Meus irmãos e meus amigos
Nesta Páscoa
Agradeçamos ao Pai,
O sol que nos alumia, o ar que respiramos, a Lua que nos inspira
As estrelas que nos encantam e o céu que nos abarca.
Agradeçamos ao Pai os alimentos do corpo com que nos sacia
A água que nos limpa e mata a sede
Os momentos de reflexão
A esperança, a força e a fé
Os momentos salutares de recolhimento
O lar que nos acolhe e abriga
O ombro que nos escuta
Nesta Páscoa
Saudemos a vida que corre junto de nós
A melodia que ouvimos e nos encanta a alma
As alegrias com que festejamos o que nos parece mais singular
Aquele doce que se oferece
O sorriso da gratidão
E o muito obrigada a Jesus pela esperança, pelo perdão
Pela salvação e salvação.
Fazemos parte desta estranha passagem.

Barbara Diller

sábado, abril 08, 2006

AGRADECIMENTOS



Meus amigos e irmãos na mesma fé.
Após ler as vossas amáveis palavras de incentivo e de coragem, que mais posso dizer que não seja um muito obrigada?!
Tenham sempre em mim alguém profundamente Kardecista, racional e objectiva, no entanto com uma postura por vezes radical de rejeição face a multiplas tentativas de introduzir nesta Doutrina o que em verdade não lhe pertence ou não é exclusivamente seu.
Um arvore é tanto mais imponente quanto os seus ramos são maiores, tem mais folhagem verdejante, dá mais sombra, mais flores e consequentemente mais frutos. É assim que eu vejo a Doutrina. É fundamental para a sua divulgação o trabalho de comentadores estudiosos, intelectualmente sérios.
Não é de mediunidades, como por exemplo de algumas psicografias e de alguns fenómenos que a Doutrina precisa, pois isso faz parte da vida espiritual de todo o Homem, seja qual for a sua expressão/convicção religiosa, ainda que por vezes os negue; mas comentar com bases científicas, á luz de uma cristologia, de dados históricos, antropológicos e arqueológicos, torna-se imperativo. Deles depende o respeito da Doutrina por parte dos outros grupos sociais, sejam eles religiosos ou não. Por outras palavras, emerge neste início de século a necessidade de falar do Espiritísmo como um corpus, não apenas doutrinário, mas como uma forma de perspectivar a vinda de Jesus á Terra dentro de objectivos espirituais preconizados pela própria Doutrina.
Nasci espírita. Estudo a Doutrina há 30 anos e conto com a vossa ajuda para juntos, naquilo que Deus permitir, contribuirmos para a divulgação desta verdade sublime:"Conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres."
Queridos amigos de Portugal e do resto do mundo, um grande bem hajam e um abraço fraterno.
Barbara Diller