sábado, fevereiro 23, 2008

FLORES DE SILÊNCIO XXX


66

Não é uma despedida, é um “Até breve!”
Deus não separa os que se querem bem, e como nós ficámos grandes amigos, um dia voltaremos a encontrar-nos, neste ou no outro lado da vida. O fundamental é sabermos que, ao longo destas páginas, partilhámos os nossos receios, as nossas fraquezas, mas também a coragem de em conjunto sairmos da caverna escura da nossa ignorância, a fim de ultrapassarmos todos os obstáculos e atingirmos o sol do Espírito.
Para já, ainda estamos muito aquém da concretização desse projecto, mas sabemos que estamos empenhados nele, com todas as nossas forças. Por isso, vamos orar sempre por nós, agora que nos conhecemos, por todos quantos se congregarão na mesma falange de Amor Universal que estamos a encetar na Terra.
Unidos na força do Evangelho, tudo será infinitamente mais fácil. Assim:
Que a sua vida tenha cada vez mais luz;
Que o seu Espírito seja progressivamente mais esclarecido;
Que tudo à sua volta lhe seja mais e mais agradável;
Que em tudo veja paz e amor.
Bênçãos, que todas as bênçãos do Alto desçam sobre si e o tornem um ser feliz: que o ajudem os seus Guias, os seus familiares e amigos, todos os que o antecederam na grande viagem e já tenham algum esclarecimento, ainda que muito pequenino, que venham até si, nem que seja em sonhos, como ensina o Evangelho, nem que seja em sonhos.
Vamo-nos modificar, adquirir bons pensamentos, vamos ser outros. Vamos ter mais fé, mais coragem, pois só assim teremos a certeza de que, independentemente dos momentos que estejamos a viver, Jesus está presente. Jesus está sempre presente.
Vamos ter mais confiança, mais força. Se quisermos nós temos tanta força. Vamos lutar para que a partir de hoje tenhamos só bons pensamentos, e com eles uma aura protectora fabulosa.
Vamos lutar para que nada nos perturbe, nada nos demova destes objectivos sagrados e que a paz fique e reine dentro de nós.
Mais uma vez lhe digo: não vacile, não desconfie, não receie, não tenha medo. O amor, em todas as suas dimensões, não tarda, somos apenas nós que precisamos de lutar devidamente por ele. Lute e trabalha incessantemente. Seja sincero, ame sem restrições, ame com toda a força da alma. Seja feliz e crie felicidade à sua volta.
Só me resta desejar-lhe que Deus o abençoe.

Este é o último post com o titulo "Flores de Silêncio".

Barbara Diller

domingo, fevereiro 17, 2008

FLORES DE SILÊNCIO XXIX


65
Vamos voltar a falar de decisões, mas agora de outras, as decisões sentimentais.
Meu amigo, eu sei que estas são por vezes as mais difíceis de tomar, mas o aparentemente complexo, e repare que eu digo aparentemente, também pode tornar-se simples.
Você receia a solidão, o castigo de Deus ou simplesmente cair em algum fosso que bastantes vezes criticou nos outros. Entretanto, está a viver a sua primeira ou segunda relação, quem sabe a terceira, e sente que não vai ficar por aí. Surgiu alguém que magicamente se tornou muito especial, a pessoa da sua vida.
Sente-se invadido por um misterioso encanto e simultaneamente uma sensação de ausência, uma nostalgia que toca a poesia num toque que chamaria ridículo, piroso e infantil. Faz um esforço titânico para esquecer essa nova pessoa, mas não consegue. Sente-se incapaz de mandar e comandar os seus próprios sentimentos. Não dorme. Irrita-se. De repente observa que tudo está errado na vida e pensa: “Que fazer?”
Meu amigo, o amor entre um homem e uma mulher é tão divino como quaisquer outras manifestações desse sentimento. Além disso, as questões sentimentais são fonte de grandes relações kármicas, pois a falta de respeito que por vezes envolve a relação entre homem e mulher é verdadeiramente repugnante, pois não raro torna-os mais reles que os animais.
Partindo sempre do princípio de que tudo o que acontece é porque Deus o permite em função do nosso karma, peça-Lhe com fé para que se faça luz no seu coração, que entretanto se deixou confundir.
Veja na pessoa que ama, ou pensa amar, um filho de Deus, um irmão em Deus. Construa para si um projecto, um rosto afectivo, uma exigência sentimental. Queira partilhar com alguém esse seu projecto. Veja na vida em comum um caminhar a dois e uma luta constante para chegar a Deus. Repare que Jesus disse “Pedi e obtereis!” Se pedir um amor muito grande para se unir até ao fim dos seus dias, não esse amor carnal e fútil, físico e baseado em relações de contrato económico, pode ter a certeza que é isso que irá surgir na sua vida, mais cedo ou mais tarde. Os Guias encarregar-se-ão de o conduzir, ou trazer até si, a pessoa que o irá acompanhar na vida terrena com o amor que deseja.
Tudo o que temos é sequencial ao merecimento, mas também às nossas exigências. Há que lutar, meu amigo. O amor de uma pessoa, um outro ser semelhante a si, não é coisa complexa, mas exige trabalho espiritual da parte de quem o quer atingir. Pedir os prazeres da carne é fácil e imediato. Pedir o companheirismo, o compincha para todos os momentos, aquele ser diferente e muito especial, isso é outra coisa.
Repare que quanto maior o desejo de um grande amor, sincero e verdadeiro, aquele amor que se prolonga para além do túmulo, maior a maturidade que ele exige. Muitas vezes essa maturidade não acontece aos vinte nem aos trinta anos de idade. A nossa maturidade costuma vir mais tarde para considerável número de pessoas na Terra. Pode ser esse o seu caso.
Por outro lado há pessoas que karmicamente se acomodam, outras que não; há pessoas que têm estipulado um karma de silêncio sentimental, outras não; há pessoas que encontram um grande amor aos vinte, outras aos quarenta.
O amor sentimental grande é para gente madura, mas não se esqueça de que uns são maturos aos vinte, outros apenas aos quarenta, por exemplo. Temos que aprender que em questões sentimentais, como em muitas outras, não há comparações possíveis entre nós. Cada um é um caso, cada casal é uma realidade e um mundo muito complexo em si mesmo.
Quem sabe se as ligações anteriores não serviram para o amadurecer para a derradeira que se aproxima? Quem sabe se não foram pagamentos kármicos, ajustes de contas? Mas, e os filhos que entretanto surgiram?
Meu amigo, os Espíritos têm que reencarnar. Se escolheram este pai e aquela mãe, são esses que irão ser os seus pais, independentemente de estes estarem a viver em comum ou não. Além disso ninguém é pai ou mãe de ninguém por mero acaso, nem mesmo a quando de relações furtivas. Não há acasos no mundo das reencarnações. As intenções podem ser múltiplas, mas a reencarnação impor-se-á porque tal é um imperativo.
Por isso, arrume o seu coração, lute por um grande amor, e a pessoa surgirá como um anjo na sua vida sentimental e afectiva. Depois... é só ser feliz.

Barbara Diller

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

FLORES DE SILÊNCIO XXVIII


64

Você anda confuso, irritável, grita e ninguém o entende. A sua actividade profissional está a ser afectada e, progressivamente, está a apoderar-se de si uma inoperância verdadeiramente assustadora.
A sua relação conjugal não ajuda, os amigos já não sabem o que lhe dizer, e quase todos começam a evitá-lo porque se assustam com os seus repentes.
Sente-se inseguro, triste, frágil, possuído por um sofrimento que não sabe expressar: bastante carência afectiva, uma ânsia em mudar de vida, uma sede de amor sincero, leal e verdadeiro.
Vamos pensar.
Por acaso não sente algum rancor contra alguém? É que se o tiver a sua vida não progride, pode Ter a certeza. Como reclamar por uma vida mais justa, se comete o erro de odiar? A vida não é um processo sequencial de pensamentos separados. Pelo contrário, a vida é uma colheita constante do que mentalmente semeamos.
Reconcilie-se com esse ser para o qual vão tantos pensamentos baços e turvos. Não invente desculpas. Faça-o e mais nada.
Por acaso não sente que o passado está bem vivo dentro de si, principalmente aqueles coisas mais desagradáveis, fazendo-o recordar momentos que são uma autêntica tortura? Então por que continua com isso? Corte com o passado e lembre-se de que se Deus entendeu que não devemos recordar as vidas pretéritas, porque isso seria nocivo à nossa saúde espiritual, e consequentemente física, o mesmo se passa com a vida presente. Desenvolva a capacidade de esquecimento, o domínio mental que tão agradável nos é para essas situações.
Passe uma esponja no que não interessa, cultive as coisas boas da vida e não gaste o seu cérebro com o fútil, o desnecessário. Quando der mais ênfase às coisas boas, seguramente a sua vida mudará.
Por acaso não sente que por vezes um pânico sem sentido, repentino, lhe surge nos momentos mais inoportunos, e o constrange? O que é isso senão a falta de fé, e consequentemente de prece? Já se lembrou de que nós somos essencialmente Espírito e que orar é o seu divino alimento, aquilo que nos faz subir um pouco acima de nós, desta tão grande densidade? Já se lembrou alguma vez que o pensamento gera correntes que cruzam o Universo inteiro, e que um pensamento pelo bem gera luz que ilumina a todos os que vivem em trevas, e consequentemente as nossas vidas?
Se não pensa na luz, se não faz uma prece para pedir perdão pelas suas faltas, pelos que estão em grande provação, mais que nós, pelos seus inimigos e amigos e familiares, como quer que esses pânicos não surjam na sua vida? Eles são o sintoma de que algo está a faltar ao seu Espírito sequioso de paz. Não lhe passe pela cabeça que a sua vida melhora sem a prece. Nunca melhorará sem uma prece.
Por acaso não sente que algo parece que o persegue sem que a sua vontade o possa impedir? Naturalmente. Se não ora, como estar protegido das forças negativas? No entanto, a sua vontade sobre si é soberana. Ninguém pode mais sobre si que você mesmo. A sua fraqueza advém da falta de fé.
Essa tristeza, por sua vez, também é um alerta para com a sua conduta espiritual na Terra. Você precisa desenvolver a sua fé. É o velho problema da humanidade. A vida não progride sem fé, por isso tudo parece estar torto, disforme, inerte.
Mas não está. Não dê força a “essas perseguições” e creia em Deus que maior que Ele não há.
O nosso sofrimento é de facto sagrado para a nossa evolução, chave-mestra do nosso desenvolvimento. Mas ele está dependente da conduta que temos para com a Divindade, os nossos Guias, nós mesmos. Se não acreditamos que a prece chega a todo o lado, o pensamento é uma energia fabulosa, e nós temos o clique que resolve tudo, então somos fracos, muito fracos de espírito.
Bom Fim de Semana

Barbara Diller

terça-feira, fevereiro 05, 2008

FLORES DE SILÊNCIO XXVII


63

“De todos os sofrimentos, nenhum há maior do que ver um filho na prisão. O que eu senti a primeira vez que lá fui. Os portões, as paredes, as mesas, as cadeiras, o ambiente, os olhares.
As mães e as esposas, com cestos carregados de lanches, os olhos de amor, e os corações de lágrimas.
Aqueles abraços...”
Acreditamos e partilhamos da sua dor. Pedimos ao Pai Amantíssimo que zele por si e pelo seu filho muito especial, o qual Deus se encarregou de pôr no seu caminho, para que ambos evoluam, amando-se reciprocamente.
Pedimos ao Pai que ajude, auxilie todos quantos no mundo inteiro cumprem suas penas, resultantes dos mais diversos crimes, e que não têm quem os ame, quem os visite, ao menos no dia de Natal.
Quanto a si, seja forte. O homem mais abjecto, o mais transviado das vias da redenção, também é um filho de Deus muito querido. Repare que afirmou: “Aqueles abraços.” Veja como também há amor na prisão, também há necessidade de um abraço de mãe, de um filho ou de um(a) companheiro(a) que, numa visita a um estabelecimento prisional, demonstra mais amor que todas as falsas liberdades.
É tão fácil dizer que se ama quando se está cá fora, quando a vida corre bem, quando todos nos olham como um entre eles, ainda que nem sempre assim seja.
Conduza o seu recluso ao arrependimento sincero, partilhe com ele a coragem e a fé de que Deus a tudo provê, tudo observa, até as nossas intenções que tão bem escapam aos homens.
Que ele não veja em si uma força na revolta, na tristeza, na impaciência. Não compare penas, situações. Resolva sempre os percalços que possam surgir pela via pacífica, correcta, segura.
Ore, a prece tem o maior dos poderes, e não acredite em ninguém que diga que tem a chave para resolver os seus problemas. É você que tem na sua mão a resolução da sua vida. Pode correr todos os Centros Espíritas, todos os médiuns, os mais iluminados seres que a Terra produziu, se não der um passo na sua modificação interior, se não se enfrentar a si mesmo, tudo isso será nada de nada. Entregue-se nas mãos de Deus e, consequentemente, faça um balanço do que foi a sua vida com o seu filho. Certamente terá respostas incomodativas. Não se deixe abater. Tenha coragem, sempre a coragem como ponto fulcral para se enfrentar e aos seus fracassos.
É certo que não procuramos que se culpe, nem que se desculpe, mas que tente encontrar razões. Nós sabemos que é muito duro dizê-lo, mas a maioria dos nossos reclusos tem grandes histórias familiares para contar, autênticas epopeias de violência, miséria humana, divórcio dos pais, maus tratos na família, falta de acompanhamento na infância, falta de vigilância nos momentos necessários, um desculpar excessivo e inapropriado de suas faltas, o complexo de superioridade ou de inferioridade... Que mais poderemos dizer que resuma melhor a falta de amor, aquele amor liberto de preconceitos e angústias. Aquele amor verdadeiro que não compara, não separa, não oprime, não desune. Aquele amor uno na sua força, nos seu abraço, no seu poder universal.
Procure no seu íntimo esse Amor, Causa Suprema de todas as coisas, e não o amor que gera infelicidade, solidão, sofrimento. O amor da Terra porque terra, que torna prisioneiros os homens livres não é o amor que lhe interessa. Esse é causa de angústias, tantas angústias.
Meu amigo, é com amor que lhe dizemos o que dizemos. Não se esqueça de que Jesus até nisso nos deu divino exemplo. Também Ele foi recluso, mostrando dessa forma que o Espírito está para além das grades de uma prisão.
Sofrendo a aridez dos corações empedernidos dos homens, e com ela a injustiça, soube mostrar, com o coração a transbordar de amor por nós, que a injustiça se transforma em justiça pela força do muito amar, perdoando aos que O condenaram à morte.
Com Ele aprendemos que a vida é mais justa do que supomos. Pelo Seu Evangelho de amor nos demonstrou que por detrás das grades de uma prisão está um Espírito que um dia será livre, que anseia por se transcender, ainda que, durante algumas vidas, se apresente como alguém que não pode viver em liberdade como os outros homens.
É difícil ser pai, mãe, amigo e companheiro de um ser nessas circunstâncias. Mas até nisso o Evangelho tem resposta. Maria, José, os Apóstolos, entre outros, partilharam a sua dor por Jesus, por verem Aquele que por muito falar de amor, exemplificando-o com a mansuetude do seu modo de vida, foi aprisionado pela humanidade tão rude, ainda tão rude.
Lembre-se de que nós já fomos reclusos, já fomos visitados, ou não, por familiares e amigos em condições sociais e humanas muito complexas e mesmo adversas. Também gostámos de ser lembrados, ao menos num dia muito especial, o dia da visita ao local onde nos encontrávamos detidos. É certo de que não nos lembramos, felizmente, mas aconteceu. Esperemos que tal não volte a acontecer, pelo menos pelas razões de outrora.
Porém, se um dia tornarmos a ser reclusos, que o seja pelos motivos e razões de Cristo. Quando isso acontecer, então a nobreza do Espírito já será muito grande, muitíssimo grande.
Tenha coragem, como a teve Maria ao ver o seu filho crucificado. Identifique-se com esse coração imaculado de quem sabe que a vida terrena é duro espaço de ignorância, e por isso de provas e de expiações. Não se esqueça de que todos passamos por idênticas provas e todos sobrevivemos a elas. Tenha coragem.
Barbara Diller